Rio 2016

Aplicativo de vigilância participativa é legado olímpico

Ferramenta criada para os Jogos será mantida para ajudar a monitorar doenças.

Portal Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h29
Mais de 43 mil pessoas já usaram a plataforma desde julho.
Mais de 43 mil pessoas já usaram a plataforma desde julho. (Foto: Divulgação)

RIO DE JANEIRO - Entre os legados dos Jogos Olímpicos para o país, o Ministério da Saúde decidiu manter em funcionamento o aplicativo Guardiões da Saúde, lançado em julho para monitorar as condições de saúde de moradores e turistas durante a competição. Agora, o acesso aos dados captados na plataforma será estendido às secretarias municipais e estaduais. Como a plataforma foi disponibilizada em software livre, os governos podem adaptá-lo às suas necessidades locais.

O objetivo do aplicativo é disponibilizar uma ferramenta participativa para que a população possa registrar suas condições de saúde diárias, como sintomas, e acompanhar a situação sanitária de várias regiões em tempo real.

“Decidimos manter para usar a vigilância participativa como rotina, e não só em eventos de massa. Quando fazemos esse monitoramento a partir dos sintomas reportados, conseguimos identificar aglomerados de síndromes. Assim, ativamos um alerta para a rede de saúde daquela localidade para antecipar uma resposta de emergência”, explicou o coordenador de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, João Cavalcante.

Segundo Cavalcante, o uso do aplicativo em grandes eventos foi uma experiência pioneira no mundo. “A ideia é justamente que (o aplicativo) tenha continuidade e sirva para que outros países continuem aprimorando a detecção digital de doenças e usem essas ferramentas em outros eventos”, completou.

O Guardiões de Saúde pode ser baixado gratuitamente em smartphones com sistema operacional iOS e Android. A única condição é de que o usuário tenha mais de 13 anos de idade. O governo também disponibilizou o aplicativo com código de programação aberto, que pode ser alterado por outros usuários.

“Em geral, a detecção de surtos de doenças transmissíveis toma tempo. A pessoa demora a buscar o serviço de saúde, precisa aguardar o diagnóstico e depois tem de notificar a secretaria de saúde, o que varia de uma a três semanas. Essa estratégia participativa busca encurtar esse tempo ao mínimo possível, até três dias”, explicou o epidemiologista da Skoll Foundation, Marlo Libel, que desenvolveu o aplicativo.

Funcionamento

A plataforma opera a partir de um mapa interativo que processa como está a situação em determinada localidade. Quem acessa o aplicativo também recebe informações sobre como se prevenir das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e informa a localização de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e farmácias em um raio de 20 quilômetros do local onde está o usuário. Para reforçar a conscientização, o aplicativo também tem um quiz com questões sobre saúde.

“A plataforma é uma via de mão dupla: a população contribui com informações e passamos dados de prevenção de doenças que ajudam as famílias a se proteger de doenças transmissíveis”, ressaltou Libel.

Entre as dicas, está a recomendação de usar repelente todos os dias e da necessidade de ingestão de líquidos. Também são fornecidas orientações para a prática de sexo seguro.

É possível ainda usar o Guardiões da Saúde associado aos perfis em redes sociais, como Facebook, WhatsApp e Twitter, pelos quais é possível acompanhar a página do Ministério da Saúde.

O usuário pode fazer o check-in diário no aplicativo e informar também sobre o estado de saúde de familiares. Caso indique que está mal, o usuário é direcionado para uma página em que há uma lista de sintomas de várias doenças para serem selecionados. Os resultados ajudam no monitoramento da saúde na região.

Balanço

Ao todo, mais de 43 mil pessoas já fizeram o download da ferramenta. Segundo o Ministério da Saúde, 80% delas relataram que não manifestaram qualquer sintoma. Contudo, entre aqueles que tiveram mal-estar, as principais queixas foram dores de cabeça, dor nas juntas e dor no corpo.

Histórico

A ferramenta foi inspirada na tecnologia desenvolvida para o aplicativo Saúde na Copa, que foi lançado durante a Copa do Mundo de 2014 para identificar possíveis surtos de doenças antes que se tornassem pandemias. Em seis meses, a nova versão foi desenvolvida para ser disponibilizada para a Olimpíada.

“Pode ser adaptado para eventos especiais para fazer com que a população se engaje em função do evento ou para acompanhar doenças específicas em épocas específicas, como influenza e dengue”, explica Libel.

Entre as alterações, o aplicativo foi disponibilizado em sete idiomas: português, inglês, francês, espanhol, russo, árabe e chinês, de modo a ampliar o acesso.

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