Benefício

Governo interino paga Bolsa-Família sem reajuste, e Dilma critica decisão

O pagamento começou a ser feito nesta sexta-feira (17), sem o reajuste de 9%, que estava previsto.

Sumaia Villela e Sabrina Craide / Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

RIO DE JANEIRO - O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário informou que o pagamento dos benefícios do Bolsa-Família de junho começou a ser feito nesta sexta-feira (17), sem o reajuste de 9%, que estava previsto para ser aplicado a partir deste mês e foi anunciado na gestão de Dilma Rousseff. De acordo com o ministério, o atual governo está fazendo uma avaliação nos cortes promovidos pela gestão anterior para poder conceder o reajuste. Em ato no Recife, mais cedo, a presidenta afastada Dilma Rousseff chamou de "mesquinharia" o não pagamento do reajuste.

“O governo Dilma ficou dois anos sem dar reajuste no Bolsa-Família. Estamos fazendo uma avaliação nos cortes promovidos pelo governo anterior, que chegam a R$ 1,6 bilhão, para poder conceder o reajuste”, informou o ministério.

O reajuste de 9% no Bolsa-Família foi concedido pelo governo anterior por meio de um decreto publicado no dia 6 de maio, uma semana antes da votação do processo de impeachment de Dilma no Senado. Na época, o governo disse que o valor médio do benefício médio pago para 13,8 mil famílias passaria de R$ 162 para R$ 176 mensais.

Em ato público no Recife, a presidenta afastada disse que há recursos para o pagamento do reajuste. "Hoje, eles não pagaram o reajuste do Bolsa-Família, de 9%, que nós tínhamos deixado os recursos e aprovado direitinho. Quanto custa isso? Menos de um bilhão de reais. Mas, ao mesmo tempo, eles vão e aumentam o deficit, e dentro do deficit dão aumento a todos que lhes interessam. Pro povo pobre desse país um bilhão é muito. Para os ricos, 56 bilhões é pouco", disse.

A presidenta afirmou que a decisão "é uma mesquinharia com o povo pobre desse país e mostra o verdadeiro intuito desse governo provisório, ilegítimo e interino, que é reduzir o máximo que puderem os direitos conquistados, os direitos sociais. Os direitos de cada um dos brasileiros, principalmente os mais pobres".

O pagamento do benefício começou a ser feito hoje e continua até o dia 30, conforme previsto no calendário do programa. No dia de hoje, recebem os beneficiários com o número de identificação social (NIS) de terminação 1. O ministério diz que estão sendo transferidos mais de R$ 2,2 bilhões às famílias beneficiárias.

Recife

Na capital pernambucana, Dilma participou de manifestação organizada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. O ato “Mulheres com Dilma pela democracia e contra a violência" foi realizado na Praça do Carmo, centro do Recife. Foi a segunda agenda da presidenta afastada na cidade. No início da tarde, ela participou de um ato na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde recebeu apoio de professores, técnicos e alunos de universidades públicas, além de funcionários de órgãos de pesquisa nacionais e do reitor da UFPE, Anísio Brasileiro.

No ato com mulheres, a presidenta afastada voltou a criticar projetos do governo Temer, como a criação de um teto de gastos públicos vinculado ao crescimento da inflação e, também, a falta de representatividade da diversidade brasileira na equipe ministerial interina. “É um governo de homens brancos ricos e velhos”.

Além de movimento de mulheres, parte da equipe do longa-metragem pernambucano Aquarius, selecionado para o Festival de Cannes, esteve presente. No festival, ocorrido na França em maio, o grupo fez um protesto com cartazes criticando o processo de impeachment no país e afastamento de Dilma da Presidência.

“Queria cumprimentá-la. É uma presença muito simples, muito rápida”, disse o cineasta e diretor do longa-metragem Kleber Mendonça Filho. “Acho que o que acontece no país é extremamente sério, e se você tem um ponto de vista e tem um posicionamento, e é importante defender esse posicionamento”.

A atriz Maeve Jinkings defendeu que o impeachment é uma tentativa de barrar a Operação Lava Jato. “Acho que o impeachment é uma ferramenta para livrar alguns políticos, que estão articulando o processo, para se livrar da cadeia, da punição. São pessoas que reproduzem o que eles próprios apontam como errado. A gente tem que discutir reforma política e devolver o cargo da presidenta”.

A estudante do ensino médio Eveline Marinho, 17 anos, também participou do ato. “Acho que a gente está num momento do país que não dá para ficar imparcial. Não dá para ser mais a bela, recatada e do lar. A nossa presidenta sofreu um golpe machista, e a gente como jovem, estudante e futuro do país tem que se posicionar. A juventude não está alienada, está na rua lutando pela democracia”, disse, acrescentando que não participou de eventos anteriores sobre o impeachment.

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