Descoberta

Nova espécie de primata é descoberta na Amazônia

Conhecido por Zogue-zogue, animal foi apelidado de "Rabo de Fogo".

Portal Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h45
Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá
Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá (Divulgação)

BRASÍLIA - Uma faixa grisalha na testa, cauda avermelhada, costeletas e garganta de cor ocre são algumas das características do novo primata descoberto na região da Amazônia brasileira. Do gênero Callicebus e popularmente chamado de Zogue-zogue, o animal foi apelidado de Rabo de Fogo.

A distribuição geográfica da espécie recém-descoberta é o interflúvio (terreno ou área mais elevada situada entre dois vales) dos rios Roosevelt e Aripuanã, nos Estados do Mato Grosso e Amazonas.

"Os rios são importantes barreiras para a dispersão dos zogue-zogues da Amazônia", informa o pesquisador do Instituto Mamirauá, Felipe Ennes. "Esse é um dos fatores que interfere na diversidade do número de espécies desse gênero. Esse número tende a aumentar devido tanto às novas descobertas quanto às revisões taxonômicas em andamento e que consideram parâmetros morfológicos e moleculares."

O esforço para a descrição do Zogue-zogue Rabo de Fogo teve início em 2011, quando Júlio Dalponte realizou a expedição Guariba-Rosevelt e percorreu extensas áreas ao longo do Rio Roosevelt.

Na viagem, o pesquisador se deparou com a espécie e notou características diferenciadas dos outros zogue-zogues da região. Na época, um espécime coletado para fins científicos comparativos foi analisado no Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg/MCTI) e reconhecido como uma nova espécie pelo primatólogo José de Souza e Silva Júnior. A partir daí, iniciaram-se os esforços para identificação do animal.

O pesquisador Felipe Ennes realizou a amostragem na região de confluência dos rios Roosevelt-Aripuanã e Guariba-Aripuanã, no sul do Amazonas. "Além da coleta de outros indivíduos para comparação (parátipos) também me empenhei nos registros do limite norte da distribuição da espécie. Enquanto Dalponte registrava a distribuição da a espécie na região sul, próximo às cabeceiras do Roosevelt e Aripuanã, no Mato Grosso. Este esforço em conjunto possibilitou a descrição formal da espécie pelo taxonomista Cazuza."

Recentemente, a pesquisa foi divulgada na revista científica Papéis Avulsos de Zoologia, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). O periódico traz a descrição completa da nova espécie, que foi nomeada Callicebus miltoni, em homenagem ao cientista Milton Thiago de Mello em reconhecimento a sua contribuição ao desenvolvimento da primatologia. Callicebus é um dos gêneros de primatas neotropicais mais diversos em número de espécies, com 31 reconhecidas atualmente.

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