Testemunha conta que viu estranho armado no pátio da universidade

Paulo Roberto Araújo e Simone Mousse - O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 15h20

RIO - O delegado-titular da 6ª DP (Cidade Nova), Renato Bezerra de Carvalho, que investiga o tiro que feriu Luciana Gonçalves de Novaes segunda-feira passada no campus da Estácio de Sá no Rio Comprido, disse ontem que uma testemunha-chave do crime, que estava no estacionamento perto de onde a estudante foi baleada, ouviu ordens vindas do Morro do Turano para que a universidade fechasse.

— A testemunha não viu nada, só ouviu. E aí vieram os tiros — disse o delegado.

O depoimento da testemunha coincide com o relato de um estudante de direito que estava no pátio da Estácio e viu um rapaz de bermuda armado de pistola invadir o campus com dois cúmplices e gritar após dar um tiro:

— Eu mandei fechar!

Segundo o estudante, os três estranhos chegaram quando o pátio estava cheio. O disparo provocou correria e só então descobriu-se Luciana baleada.

Outro aluno, do curso de engenharia, disse ao GLOBO que não é raro ver estranhos armado no campus. O diretor da Estácio, Marcelo Campos, disse ontem que a universidade é um local público:

— Eventualmente pode existir uma situação de anormalidade.

Os relatos coincidem com as imagens gravadas por uma das quatro câmeras do circuito interno de TV da Estácio — e reproduzidas com exclusividade pelo GLOBO ontem. Durante a correria após o disparo, duas ou três pessoas permanecem no fundo do pátio e uma delas parece portar uma arma. Segundo o delegado, que está analisando a fita, uma das pessoas parece usar o fuzil atravessado — um hábito de traficantes.

O delegado disse que entrar clandestinamente na universidade não é uma tarefa fácil.

— O acesso ao campus pelo morro é difícil, não há uma passagem normal, o muro é alto. Pode ter acontecido de pessoas, querendo parar a universidade, terem descido até o pátio para intimidar.

Segundo Carvalho, há somente dois seguranças armados na Estácio, e ambos portam revólveres calibre 38. O projétil que atingiu Luciana é de calibre .40 — munição de pistolas muito usadas por policiais.

Até agora, oito suspeitos de comandar o tráfico no Turano já foram identificados e terão suas prisões temporárias decretadas. Um dos pontos nebulosos do caso é que tantos alunos ouviram vários tiros e a polícia não achou nenhuma marca deles na universidade.

— Pode ser que tiros de alerta, para o alto, tenham sido dados do morro e que um disparo acidental, até de outro lugar, tenha atingido a estudante — especula o delegado.

O assessor de comunicação da PM, major Frederico Caldas, negou ontem que houvesse policiais militares dentro da Estácio no dia do disparo.

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