SALVADOR - A participação dos negros na administração do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, cuja campanha eleitoral contou com apoio das camadas populares, será cobrada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), entidade representada em 18 estados brasileiros. O movimento espera ainda do futuro presidente da República a ampliação do sistema de cotas para afrodescendentes nas universidades públicas do país, de acordo com o CORREIO DA BAHIA. A informação foi prestada pelos coordenadores da Conen-Bahia, Daniel Neto e Uiara Lopes, na plenária O universo da periferia e seus novos rumos, realizada no fim de semana, no Sindicato dos Químicos em Salvador.
O evento congregou representantes dos 12 bairros mais populosos de Salvador, como Cajazeiras, Liberdade e o Subúrbio Ferroviário, para discutir os problemas que mais afligem os bairros periféricos e a inserção deles no desenvolvimento global da cidade. No encontro, a Conen-Bahia considerou "altamente positiva" a proposta de governo do presidente eleito de criar a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo.
"É um grande progresso, na luta contra a discriminação racial, porque até agora contamos praticamente só com a Fundação Palmares. Com isso, o governo vai se integrar a nossa luta", observa Daniel Neto. Já Uiara Lopes ressalta que, "além de lutar em prol do movimento negro dentro do governo de Lula, a Conen defenderá também ações afirmativas da identidade e da referencialidade dos negros".
Uma dessas ações será deslanchada no próximo dia 19, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, quando se reverencia a memória de Zumbi dos Palmares. Nesta data, o movimento negro ingressará na Justiça com uma ação para que, na certidão de nascimento dos afrodescendentes, possa constar a matriz genética e identitária: negro. "É a afirmação do princípio de identidade", diz Daniel Neto. Uiara Lopes informa que no censo de 1970, constavam mais de 300 nomenclaturas para a cor das pessoas, "de cabo verde a sarará, pardos e outros".
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