Pastor evangélico tenta negociar fim da rebelião em Casa de Custódia no Rio

O Globo, Globo On Line, CBN, GloboNews.Tv e GloboN

Atualizada em 27/03/2022 às 15h32

A situação continua tensa na Casa de Custódia Bangu V, no complexo penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio. As negociações para acabar com a rebelião de presos, suspensas no fim da noite de quarta-feira, foram retomadas na manhã de hoje, com a participação do pastor evangélico Marcos Pereira. Uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) também participa das conversas com os líderes do motim. Desde as 16h, quatro pessoas são mantidas reféns: o agente penitenciário Fabiano, o soldado PM Alex, e as funcionárias da cantina Bete e Graça.

Vários homens do Bope continuam em cima do muro da unidade e os presos ainda não saíram do telhado. Até agora nenhum oficial da PM saiu do complexo para dar mais informações. O coordenador de gerenciamento de segurança da Secretaria de Segurança Público, coronel Aloísio Guedes, garantiu que não há feridos dentro da unidade. Ele disse que apenas uma refém passou mal, com pressão alta, mas que ela já foi atendida.

A rebelião aconteceu porque três presos não conseguiram fugir por volta das 16h de ontem. Eles tentaram levar a advogada Maria Helena dos Santos Viana, que presta assessoria jurídica no presídio, mas um guarda viu a ação dos presos e impediu. A advogada entrou em pânico e desmaiou dificultando ainda mais a fuga. Os presos a soltaram e foram em direção aos fundos da Casa de Detenção, onde fizeram os quatro reféns.

De acordo com o major Dayzer Corpas Maciel, coordenador de policiamento interno e externo da unidade, os 500 presos rebelados exigem a transferência dos detentos de alta periculosidade. A secretaria de Segurança Pública já admite a possibilidade de transferir 30 presos para presídios do próprio complexo de Bangu.

Chamado ao local pelos próprios detentos, o pastor evangélico Marcos Pereira foi esta manhã até o local e negociou uma melhor condição para os reféns que estavam algemados e amarrados. Os presos atenderam ao pedido do pastor e retiraram as algemas e amarras. Entre os presos que estão negociando, dez estão encapuzados e um deles está armado com um revólver calibre 38. Entre os amotinados, está o traficante Márcio Greick, da Favela de Manguinhos.

O pastor Marcos Pereira já participou de uma negociação com presos de Bangu em abril quando ocorreu a primeira rebelião no sistema prisional do Rio na gestão da governadora Benedita da Silva. Membros de uma facção criminosa de São Paulo lideraram cerca de 500 presos da Casa de Custódia Jorge Santana, em Bangu, que se rebelaram após uma tentativa de fuga frustada.

Situações de tensão nos presídios do complexo estão cada vez mais freqüentes. Após operação do Ministério Público, que em junho flagrou conversas de traficantes comandando comparsas através de telefones celulares, episódios de fugas e motins foram relatados em julho e no início de agosto.

No começo de agosto, o comandante de PM, coronel Francisco Braz, determinou o afastamento da direção de três casas de custódia do complexo penitenciário de Bangu após a fuga de 58 presos da Casa de Custódia Jorge Santana. Com um revólver, os presos renderam policiais e fugiram pela porta da frente, levando um fuzil e duas outras armas. Nova fuga aconteceria no dia 22. Só este ano, 105 presos já escaparam da Jorge Santana.

A tensão motivou a reação de advogados de internos de Bangu I, que denunciaram à juíza Sônia Maria Garcia Gomes Pinto, da 1ª Vara Criminal de Bangu, que pelo menos três presos foram espancados naquela unidade durante a operação realizada no dia 6 de agosto em nove dos 15 presídios do Complexo de Bangu. Na operação foram apreendidos 114 celulares com os presos.

Em julho, vinte e seis presas se rebelaram e mantiveram uma agente penitenciária refém durante 17 horas no presídio feminino Talavera Bruce.

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