Polêmica

Entrevista de diretor abre crise no Banco Central

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 13h05

SÃO PAULO - Uma entrevista concedida pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, ao jornal Valor Econômico abriu uma crise no BC. A entrevista provocou polêmica porque tratou de temas sensíveis ao banco.

Responsável pela administração de mais US$ 230 bilhões em reservas internacionais e pelas operações no mercado de câmbio, Torós descreveu bastidores da atuação do BC durante a crise, nomes de bancos que sofreram saques e o ataque especulativo contra o real.

Torós já havia manifestado interesse em deixar o BC. Agora sua saída deverá ser apressada, segundo fontes de mercado. Torós teria desrespeitado a hierarquia ao tratar de temas que dizem respeito ao presidente do banco, Henrique Meirelles, e revelou informações que não são públicas.

O interesse de Torós, ainda de acordo com essas fontes, teria sido chamar a atenção para seu papel no enfrentamento da crise, num momento em que define seu futuro profissional. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do BC informou que Torós não iria comentar a reportagem.

A entrevista

Segundo a entrevista, em outubro de 2008, o Brasil viveu uma corrida bancária. Em poucos dias, R$ 40 bilhões migraram dos pequenos e médios bancos para as grandes instituições.

De acordo com Torós, empresas e bancos perderam US$ 10 bilhões por apostas malsucedidas no mercado futuro e um grande fundo de investimentos estrangeiro usou US$ 5 bilhões para especular contra o Brasil - o jornal cita o americano Moore Capital Management.

A reportagem cita que os bancos Votorantim e Safra sofreram saques. A suspeita dos clientes era que o Votorantim poderia ter sofrido com os derivativos financeiros do grupo e o Safra por ter ações da Aracruz. Posteriormente, o Banco do Brasil comprou 50% do banco Votorantim.

O jornal diz ter confirmado com outras autoridades as informações dadas por Torós na entrevista.

À reportagem, o diretor do BC afirma que o presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles, por pouco não deixou o cargo em meio à turbulência internacional. A ideia do governo seria substituí-lo pelo pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp. Meirelles, segundo Torós, teria chegado a apresentar sua demissão a Lula, mas o presidente já teria mudado de ideia.

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