SÃO PAULO - Solda, fios, nitrogênio líquido e um pouco de sorte. É com essa bagagem que o casal brasileiro Ronaldo e Fabíola Buassali vai desembarcar em Pequim (China) para disputar a final mundial de computadores turbinados.
A Master Overclocking Arena 2009 vai reunir 20 duplas de "overclockers", de 17 países, neste sábado (29). O objetivo é ultrapassar os limites de processamento com máquinas modificadas. Ou seja: turbinar o computador ao máximo, sem queimar HDs, inutilizar processadores ou fritar placas de vídeo.
Os participantes ajustam o sistema operacional (Windows Vista), fazem soldas para modificar circuitos, instalam sistemas de refrigeração avançados e fazem ajustes precisos no conjunto. Softwares de medição específicos fazem o "benchmark", monitorando a pontuação alcançada por cada dupla durante a execução das tarefas propostas. A competição acontece em duas fases, totalizando 5 horas de processadores rodando a todo vapor.
"Vai ser uma surpresa", diz Ronaldo Buassali, representante do Brasil na competição. Em entrevista ao G1, ele conta que teve pouco acesso ao tipo de equipamento que será usado na competição, como o processador Intel Core i7 Extreme 975 e a placa-mãe MSI Eclipse SLI. (Veja a configuração completa no site oficial da competição).
Ronaldo só conseguiu testar uma placa-mãe idêntica à do torneio às vésperas de embarcar para Pequim. Ele havia requisitado um exemplar da placa-mãe anteriormente, mas a peça acabou sendo retida na Alfândega.
Trabalho em dupla
Ronaldo é casado com Fabíola, e o dois fazem parte do BR OCTeam, equipe que já bateu recorde de overclocking na Campus Party 2009 em São Paulo. Eles se classificaram para a final em Pequim ao ficarem em primeiro lugar nas eliminatórias da América do Sul.
Ronaldo conta que os estrangeiros levam vantagem, pois contam com patrocínio e recebem mais processadores para os testes antes das competições. Ele diz que é difícil prever resultados nesse tipo de competição, mas aponta que Rússia, Alemanha e Estados Unidos tem participantes fortes.
O engenheiro diz que sempre montou computadores, mas adotou a prática do overclock profissional há 3 anos. Ele já participou de competições internacionais em El Salvador e na Colômbia.
A esposa, Fabíola, gostou do hobby e passou a participar dos eventos junto com o marido. Segundo Ronaldo, ela é a única mulher na comunidade mundial de overclockers, a "Hwbot". Fabíola aparece em 10º lugar entre os 327 usuários brasileiros registrados no site.
Gigahertz, graus Celsius e um pouco de sorte
Para vencer uma competição de overclocking não basta ser bom - é preciso contar com a sorte, diz Ronaldo.
"Os processadores são sorteados na hora, e cada um deles tem um desempenho próprio. Num mesmo sistema, dois processadores do mesmo lote podem apresentar resultados diferentes", diz o competidor. Essas diferenças de desempenho podem chegar a 10%. "Isso, em overclocking, é um abismo."
Os competidores também enfrentam falhas técnicas que podem comprometer o resultado. Entre as mais comuns estão o corrompimento de disco rígido (HD) e a condensação causada pelos sistemas de refrigeração. Já os acidentes mais graves envolvem queima de placa-mãe e de memória RAM.
Ronaldo diz que o overclock em níveis básicos pode ser executado até por usuários comuns para aumentar a potência de um processador, por exemplo. Já a prática em níveis "radicais" exige conhecimento técnico e muita preparação, sob o risco de perder equipamentos valiosos.
A competição em Pequim começa com a etapa preparatória. Durante 2 horas o participante monta e prepara as máquinas com as peças fornecidas pela organização (placa mãe, memória RAM, processador, placa de vídeo, softwares de medição).
Na segunda etapa, com 2 horas de duração, será medido o desempenho de cada dupla no quesito "processamento de dados". A etapa final dura 3 horas e testa a capacidade gráfica de cada conjunto. Ao final da competição, serão premiadas as três duplas com o melhor resultado.
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