Trama contra Lula é denunciada às vésperas das eleições

Atualizada em 27/03/2022 às 14h15

SÃO PAULO - O PT acusou hoje a oposição de ter repetido, às vésperas das eleições presidenciais de domingo, a mesma estratégia que supostamente utilizou em 1989 para impedir a chegada do líder socialista Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.

"Estou sentindo o cheiro desse tipo de atitude, que gera profunda indignação", assegurou o senador Aloizio Mercadante, candidato ao governo de São Paulo e uns dos principais correligionários do chefe de Estado, ao se referir a uma suposta trama para afetar Lula, favorito para vencer as eleições.

Apesar de os dois principais candidatos terem cancelado os pequenos atos previstos para este sábado, a campanha eleitoral ganhou mais intensidade devido ao vazamento na imprensa de fotografias que podem prejudicar o desempenho do chefe de Estado nas urnas.

As imagens, publicadas hoje na manchete de quase todos os jornais, mostram grandes maços de notas de real e de dólar que seriam utilizados por militantes do PT para adquirir um falso dossiê contra líderes da oposição.

A polícia tinha se negado a divulgar as fotografias, algo comum em operações de corrupção, e o comissário responsável da investigação alegou que as mesmas foram roubadas de seu escritório.

O episódio foi comparado à divulgação, também às vésperas das eleições presidenciais de 1989, de fotografias de um grupo de seqüestradores que a Polícia supostamente vestiu com camisas do PT para sabotar a campanha de Lula.

Os seqüestradores, alguns vinculados a grupos guerrilheiros de outros países, foram capturados em uma operação que permitiu a libertação de Abílio Diniz, proprietário da maior rede de supermercados do país, o que fez com que o caso tivesse grande repercussão.

Na época, o atual presidente também era favorito para se eleger nas eleições que acabaram sendo vencidas por Fernando Collor, que renunciou ao cargo em 1992, em meio a um escândalo de corrupção.

"O trabalho jornalístico de alguns meios parece que está repetindo 1989, quando, na reta final da campanha, foram vestidas camisetas do PT em seqüestradores", disse Mercadante.

"Não vamos permitir que se repitam situações semelhantes às de 1989, quando se tentou vincular a candidatura de Lula ao seqüestro do empresário Abílio Diniz", afirmou por sua vez o coordenador da campanha governista e ex-assessor de Relações Internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia.

A publicação das fotografias foi aproveitada este sábado por líderes opositores para reforçar seus ataques contra o PT. Eles acusaram o partido governista de ter captado recursos de origem duvidosa para financiar uma campanha destinada a desprestigiar seus rivais.

O dinheiro, cerca de R$ 1,7 milhões, foi confiscado pela polícia em 15 de setembro nas mãos de dois militantes do PT que negociavam a compra de um dossiê com informações falsas contra dirigentes da oposição.

As investigações sobre esta negociação envolveram sete militantes do PT, entre eles um próximo de Lula, que trabalhava como assessor pessoal da Presidência, e o próprio presidente do partido governista, Ricardo Berzoini.

Lula luta para manter o percentual das intenções de voto que as pesquisas apontam, que giram em torno de 50%, vantagem que garantiria a reeleição amanhã sem necessidade de disputar um segundo turno, previsto para 29 de outubro, caso nenhum dos candidatos obtenha mais da metade dos votos.

Seus opositores lutam para tirar cerca de três ou quatro pontos percentuais de favoritismo para adiar a decisão presidencial.

Diante do temor dos efeitos negativos que as fotografias do dinheiro possam ter entre os eleitores, o PT tentou, sem sucesso, impedir sua publicação nos jornais mediante um recurso perante a justiça eleitoral, o que foi prontamente rejeitado.

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