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Caos: chuvas provocam muitos estragos na Região Metropolitana de São Luís

Chuva forte começou na madrugada de domingo, provocando desabamentos, inundações, queda de postes, árvores e de um sobrado no Centro Histórico

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
MA-202 ficou alagada
MA-202 ficou alagada

São Luís virou um caos com a chuva forte e intermitente que caiu na madrugada de domingo. Alagamentos, desabamentos de muros e residências, transbordamento de rios, trânsito lento, queda de postes de energia e o desmoronamento de um sobrado no Centro Histórico, foram alguns dos prejuízos registrados. Os incidentes mais graves ocorreram em áreas apontadas como de risco pela Defesa Civil. No Sacavém, duas pessoas foram levadas para o hospital com ferimentos depois que uma barreira veio abaixo.

Na Estrada de Ribamar, condutores de veículos enfrentaram congestionamentos por várias horas em razão do transbordamento do Rio Paciência, na Maiobinha. A fila de carros começava desde o perímetro da Forquilha e os condutores tiveram de trafegar mais lentamente e com cuidado. Na altura do Condomínio Vitória São Luís, muitos foram obrigados a trafegar na contramão, para seguir em direção a uma via de escoamento. Nenhum agente de trânsito foi visto no local na manhã de ontem. Os pedestres tiveram de tirar os sapatos. “Está muito complicado, pois a água está na altura dos nossos joelhos. Eu tive que dobrar as calças”, disse Armando Nogueira, que passava com a esposa e um filho.

No Anil, uma amendoeira plantada em terreno de propriedade particular caiu no meio da Rua Adelman Corrêa, atingindo a casa de Elzamar Carvalho. A via foi interditada por agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes, que fizeram barreira para que nenhum veículo trafegasse na área. Segundo Elzamar Carvalho, o Corpo de Bombeiros já havia sido comunicado pela família dela sobre a situação da árvore.

“Mas, eles disseram que não poderiam fazer nada, porque a árvore estava dentro de uma propriedade privada. Até que ela caiu e atingiu o telhado da minha casa, quebrando as telhas. Outro dia, outra árvore caiu e atingiu um fio de energia e funcionários da Cemar vieram cortar os galhos, mas nada fizeram com relação a essa árvore que caiu hoje”, lamentou a moradora.

Na Cohab, a chuva prejudicou a obra onde está sendo construída a nova sede da Associação Antônio Brunno, ao lado de uma agência do INSS, na Rua Frei Hilário. Em ruas próximas dali, também houve registros de danos. Segundo o presidente da Fundação, Antônio Lima Sousa, a água danificou camas e móveis de um futuro consultório dentário. “Outro problema é o lixo que invadiu, com a enxurrada. Agora, estamos tentando limpar e dar prosseguimento à obra, que deverá ser concluída no mês de junho. Contamos com a ajuda daqueles que se sensibilizarem com as nossas dificuldades. Basta ligar para o 98856-7471”, disse Antônio Lima Sousa.

Parte de imóvel desabou sobre casas no Sacavém
Parte de imóvel desabou sobre casas no Sacavém

Desmoronamento no Sacavém
No Sacavém, houve desmoronamento de barreiras onde havia residências e duas pessoas ficaram feridas, na Rua São Luís, um homem de 25 anos e uma idosa. O problema foi em uma casa de dois cômodos, desocupada, que desabou sobre outras. Segundo o morador Jerônimo Serra, que perdeu tudo o que tinha, o desmoronamento aconteceu por volta das 4h. Ele só sobreviveu porque o cômodo onde dormia foi atingido apenas parcialmente.

“Eu perdi tudo. Só não perdi a minha vida, graças de Deus. Foi muito barulho e muito desespero. Nós ainda tivemos de agir rapidamente para salvar a idosa e o rapaz da casa ao lado. Eles foram levados para o Socorrão I. Ainda bem que aqui a comunidade é unida e estamos ajudando uns aos outros. Foi um barulho forte e ainda bem que eu estava dormindo numa parte da casa que não foi atingida. Um cachorro estava só com a cabeça do lado de fora dos escombros, mas conseguimos salvar”, disse Jerônimo Serra.

Os moradores ouviram o barulho e rapidamente perceberam que se tratava de um desmoronamento. Blocos de pedra despencaram de uma altura de mais de 10 metros e o concreto soterrou algumas casas, bem como cobriu uma galeria construída entre duas residências. Com o entupimento, a água invadiu a casa do auxiliar de almoxarifado Bruno Ewerton Nogueira, danificando móveis de todos os compartimentos. A água subiu mais de meio metro.

A Defesa Civil, a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estiveram no local e prestaram socorro às vítimas. No total, cinco moradias foram interditadas. “A situação aqui está crítica e o pior é que há uma casa lá em cima que corre o mesmo risco, embora os moradores já tenham sido orientados pela Defesa Civil a sair. Nós esperamos que a chuva dê trégua para podermos nos reorganizar. Aqui na minha casa molhou tudo, até documentos pessoais. Armários, geladeira, cama, sofá, está tudo danificado. Aqui ao lado, uma senhora reformou a casa há duas semanas e a dela também foi atingida. Perdeu muita coisa”, contou.

Casarão caiu no Centro Histórico
Casarão caiu no Centro Histórico

Sobrado desaba
Na Praia Grande, um casarão desabou na Rua Jacinto Maia e os escombros interditaram a via. Segundo homens do Corpo de Bombeiros que estavam no local, o casarão estava ameaçado, bem como dois sobrados que ficam ao lado do que desabou. O prefeito Edivaldo Holanda Júnior esteve no local para ver a situação de perto.

Em nota, a Prefeitura de São Luís esclareceu que o casarão é de propriedade particular e que, segundo a Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (Fumph), a rua foi isolada para a retirada dos escombros e os moradores dos prédios vizinhos foram cadastrados e serão adotadas as medidas necessárias para a relocação dessas famílias.Comunicou ainda que as ruínas do casarão foram escoradas para evitar novos desmoronamentos.

No bairro Coroadinho, uma das ruas afetadas foi a Amália Saldanha, que ficou intrafegável. O principal canal de escoamento do bairro transbordou. No Condomínio Novo Anil, na Cohab, os moradores foram surpreendidos com um grande volume de água invadindo o estacionamento. A água atingiu a altura das portas e foi preciso fazer buracos no muro para agilizar o escoamento.

Os proprietários dos veículos atingidos ficaram desesperados e alguns tentaram deslocá-los para uma área menos comprometida. No bairro Sá Viana, ruas alagaram, a exemplo da São Paulo e da Alegria. A água invadiu casas. No Cohafuma, um poste de energia fincado nas proximidades da Curva do 90, ao lado de uma área de preservação ambiental, na Avenida Jerônimo de Albuquerque, foi abaixo.

No bairro Redenção, na região do Filipinho, o muro de uma residência desmoronou durante a forte chuva. Na Avenida São Marçal, também no Filipinho, o muro da antiga Associação dos Servidores da Fazenda do Estado do Maranhão (Asfem) desabou sobre um veículo. O Hospital da Criança, no bairro Alemanha, também sofreu em decorrência das intensas precipitações. A área ficou alagada e os pais e visitantes não conseguiram entrar por causa do alagamento nos corredores.

A Prefeitura informou que, devido às fortes chuvas que caem na cidade, desde a noite de sábado (23), todos os órgãos municipais estão de prontidão. E que a Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), por meio da Defesa Civil, foi acionada para o bairro Salinas do Sacavém, no qual houve registro de alagamento e deslizamento de terra, sem vítimas. Nessa comunidade, as casas foram isoladas e os moradores retirados dos imóveis.

A Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) foi comunicada e enviou equipes ao Salinas do Sacavém, onde está sendo feito o levantamento das famílias que estão abrigadas em uma associação do bairro. A Semusc informou que existem, na capital maranhense, 60 pontos considerados de risco.

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