Criminalidade

Dez maranhenses mortos em um ano fora do estado

Entre as vítimas, seis são do sexo feminino; só este ano, duas jovens foram assassinadas em Florianópolis e no Distrito Federal; caso de grande repercussão ocorreu em Patos (MG), com a morte de dois irmãos, em outubro de 2017

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Corpo da jovem Braieny Alves que foi sepultado quinta-feira em São Luís
Corpo da jovem Braieny Alves que foi sepultado quinta-feira em São Luís (Braieny)

SÃO LUÍS - Os números alarmantes. Dez maranhenses foram assassinados com requintes de crueldades em outros estados da federação em menos de um ano. Entre as vítimas, seis são do sexo feminino. Somente neste mês dois casos foram registrados. Na tarde de quinta-feira, 11, foi sepultado, sob forte comoção, o corpo da dançarina Braieny Alves Soares, de 20 anos, no cemitério Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar. A jovem foi morta a tiros no dia 4 deste mês em pleno centro da capital catarinense, Florianópolis.

“Queremos saber informações sobre a investigação do assassinato da minha irmã e até o momento (quinta-feira) não temos dados claros”, desabafou a irmã de Braieny Alves, Milena Costa, de 17 anos. Ela informou que a vítima estava morando em Florianópolis, há poucos menos de um mês.

A polícia catarinense informou que o caso está sendo investigado e as suspeitas de praticarem o crime tinham sido identificadas, mas não havia registro de prisão até a manhã de sexta-feira, 12. A polícia já havia solicitada a prisão das acusadas ao Poder Judiciário.

Em relação ao crime, a polícia declarou o fato ocorreu na noite do último dia 4, nas proximidades de uma casa noturna, na Rua Major José Augusto de Farias, no centro de Florianópolis. A vítima foi abordada pelas acusadas e chegaram a conversar, mas logo depois ocorreram os tiros. Braieny Alves morreu ainda no local e as suspeitas fugiram em um automóvel, de marca e placas não identificadas.

Brasília

Já no último dia 6, foi assassinada a golpes de faca a jovem Anne Mickaelly Monteiro Mendonça, de 22 anos, na cidade de Samambaia, no Distrito Federal. O autor do crime foi José Roberto Brito Moreira, de 46 anos. Segundo o delegado-chefe da 32ª delegacia de Polícia Civil, em Samambaia Sul, Joás Borges, Anne Monteiro aparece em uma lista de “Lesbocídio”, crime motivado pelo ódio, que é defendida por um grupo de estudiosos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ainda de acordo com o delegado, no dia do crime, o acusado estava vendendo churrasquinho nas proximidades da residência da vítima, que jogava rojões com o objetivo de assustar os clientes. José Roberto que, irritado, desferiu os golpes de faca no rosto e pescoço da jovem, que morreu no local.

Jóas Borges informou que o acusado declarou na polícia que a vítima era suspeita de provocar a família dele e ainda chegou a espalhar boatos na rua e por meio de rede social de que mantinha um relacionamento amoroso com a sua filha, nome não revelado.

Indefinição

Nesta sexta-feira, 12, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) não havia marcado o julgamento de Lucas Albo de Oliveira, de 22 anos, mas acolheu o pedido feito pelo Ministério Público do Distrito Federal, para que ele seja submetido a júri popular, pelo crime de homicídio triplamente qualificado.

Lucas Albo é acusado de ter assassinado a tiros o dj maranhense Yago Linhares Sik, de 23 anos, no dia 2 de julho do ano passado durante uma festa no Conic, em Brasília. Caso o réu seja condenado pode pegar até 30 anos de prisão.

O Poder Judiciário do Distrito Federal, em relatório, declarou Lucas Albo como réu e que demonstra periculosidade, além de ser uma ameaça à ordem pública. Lucas Albo foi ouvido pelo Poder Judiciário e confessou o crime, mas disse que não tinha a intenção de matar a vítima, apenas, lhe dar um susto.

O acusado, além de responder pelo homicídio, tem ainda sete passagens policiais depois de adulto (duas por porte de drogas, uma por furto em comércio e outras por disparo de arma de fogo, ameaça, corrupção de menores, porte ilegal e furto de arma). No momento, ele está preso no presídio da Papuda, em Brasília.

Feminicídio

No dia 5 de novembro do ano passado ocorreu a morte da maranhense da cidade de Timbiras, Francisca Sousa, de 32 anos, no município paulista de Pradópolis. A polícia informou que o namorado da vítima, Rafael Santos, idade não revelada, teria sido o autor desse crime.

O corpo da vítima foi achado pelos familiares sobre uma cama com marcas de golpes de faca no pescoço e nos seios. O caso está sendo investigado pela polícia como crime de feminicídio e até sexta-feira, 12, não havia registro de prisão do acusado.

A delegada da Polícia Civil do Piauí, Anamelka Albuquerque, afirmou que o assassinato da maranhense da cidade de Eugênio Barros, Iarla Lima Barbosa, de 25 anos, se caracteriza como crime de feminicídio. Ela foi morta na madrugada do dia 19 de junho do ano passado e o principal acusado é o ex-namorado, o ex-tenente do Exército José Ricardo Silva Neto. O assassinato ocorreu em Teresina.

O ex-militar, além de matar a namorada, ainda atirou em duas pessoas, a irmã e uma amiga dela, que estavam juntas quando o casal iniciou uma discussão. Enquanto, a motivação desse crime teria sido ciúmes e isso apenas legitimiza a conduta do acusado.

Tragédia

Já na madrugada do dia 5 de outubro de 2017 ocorreu uma tragédia na cidade mineira de Patos que envolveu uma família de Grajaú, no Maranhão. Segundo a polícia mineira, Pedro Queiroz Gonçalves, de 29 anos, teria matado a golpes de faca os irmãos Abner Calebe, de 20 anos, sua ex-mulher; e Darck Raab Souza Nascimento, de 24 anos, e deixou gravemente ferida Damaris Souza, de 20 anos, irmã das vítimas.

Ainda de acordo com as informações da polícia, o acusado foi até o local onde os três irmãos moravam, um condomínio, com o objetivo de tirar satisfação com a ex-mulher sobre uma suposta traição. Na entrada do condomínio, Pedro Queiroz encontrou-se com a ex-esposa e discutiram. Durante a discussão ele acabou esfaqueando Darck Raab.

Damaris Souza, ao ouvir o pedido de socorro da irmã, foi ao encontro do ex-cunhado e também foi esfaqueada. Logo depois o acusado foi até o apartamento das vítimas e matou a golpes de faca Abner Calebe. Há informações que o jovem foi morto com mais de 24 facadas.

Abner Calebe e Darck Raab morreram no local, enquanto Damaris Souza foi levada em estado grave para o Hospital Regional Antônio Dias, em Patos. Pedro Queiroz, após o crime, teria se apresentado na delegacia e durante o depoimento confessou ter premeditado um dia antes o crime. Ele afirmou, ainda, que não estava arrependido. “Eu amolei a faca antes e bebi, mas estou sóbrio”, contou.

Já no dia 17 de setembro de 2017 a polícia registrou a morte de mais um maranhense fora do estado, Camila Edna Silveira, de 28 anos, natural da cidade de Estreito. O comerciante Ricardo de Oliveira Sousa Lobo, de 27 anos, foi preso acusado de matar Camila Edna e o noivo dela, Mário Silva de Moura, de 26 anos. Fato ocorreu em Goiânia e, segundo a polícia, o acusado declarou na polícia que uma das vítimas estaria fazendo “fofoca” e atrapalhando o relacionamento com a sua esposa, que era prima de Camila Silveira.

Mais assassinatos

O corpo do maranhense de Porto Franco, identificado como Marcos Vinicius Ricci, foi encontrado com marcas de tiros na cabeça dentro de uma rede em uma ilha, na divisa do Tocantins com o Maranhão, próximo a cidade de Campestre, no dia 10 de setembro do ano passado. Há informações da polícia que a vítima teria participação na morte do vereador de Porto Franco, Edney Domingues, o Edinho do Couro, ocorrido no dia 12 de julho de 2009. O corpo da vítima foi removido para o hospital de Lajeado, no Tocantins.

Até a sexta-feira, 12, a polícia do Estado de Rondônia ainda não havia conseguido prender o acusado de ter assassinado o maranhense de Bacabal, professor Eronilson Cunha de Figueiredo, de 38 anos. O crime ocorreu no dia 29 de agosto de 2017, na residência da vítima, no bairro Três Marias, região Leste de Porto Velho.

A vítima foi encontrada por seu sobrinho no seu quarto sobre uma cama com as mãos amarradas para trás e com sinais de estrangulamento. O professor ainda foi levado por familiares para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas já chegou sem vida.

Eronilson Cunha nasceu no povoado de Brejinho, zona rural de Bacabal, mas morava em Porto Velho, onde era professor de Química da Escola Flora Calheiros. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Contra a Vida (DECCV), que já divulgou o retrato falado do autor do crime.

Frase

“Queremos saber informações sobre a investigação do assassinato da minha irmã e até o momento não temos dados claros”.

Milena Costa, irmã de Braieny Alves

Número

10

É o número de maranhenses assassinados fora do Maranhão em menos de um ano

Fique sabendo

Maranhenses mortos em outros estados

Braieny Alves Soares, de 20 anos, (Florianópolis)

Anne Mickaelly Monteiro Mendonça, de 22 anos, (Samambaia/DF)

Yago Linhares Sik, de 23 anos, (Distrito Federal)

Francisca Sousa, de 32 anos (Pradópolis/SP)

Iarla Lima Barbosa, de 25 anos (Teresina/PI)

Abner Calebe, de 20 anos e Darck Raab Souza Nascimento, de 24 anos (Patos/MG)

Camila Edna Silveira, de 28 anos (Goiânia/GO)

Marcos Vinicius Ricci (Lajeado/TO)

Eronilson Cunha de Figueiredo, de 38 anos (Porto Velho)

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