Autonomia

Governo espanhol pede esclarecimento sobre independência da Catalunha

Resposta do presidente catalão determinará futuras decisões governo espanhol, que pode restringir autonomia da região. Mídia diz que governo catalão tem até 2ª para se pronunciar a esse respeito

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35

ESPANHA - O governo espanhol afirmou ontem que vai pedir formalmente esclarecimentos sobre a declaração de independência da Catalunha e ameaçou restringir a autonomia da região. O pedido formal encaminhado pelo governo central ao governo da Catalunha dá o prazo de 5 dias (até segunda-feira, dia 16) para uma resposta, de acordo com a imprensa local.

Na terça, o presidente catalão, Carles Puigdemont, falou no Parlamento regional sobre o resultado do referendo separatista e deixou dúvidas sobre se houve ou não declaração de independência com relação à Espanha.

"O conselho de ministros concordou nesta manhã [ontem]exigir formalmente ao governo catalão que confirme se declarou a independência da Catalunha à margem da confusão criada sobre a sua entrada em vigor", afirmou o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, em discurso televisionado.

Segundo Rajoy, trata-se de um "requerimento prévio" a qualquer medida que o governo central possa adotar no âmbito do artigo 155 da Constituição, que pode suspender a autonomia da região. A aplicação deste artigo, que nunca foi feita, vem sendo estudada pelo governo como uma das medidas para impedir a independência da região.

O jornal espanhol "ABC" afirma que, depois de segunda, ainda o governo catalão terá mais três dias (até quinta-feira, dia 19) para fazer alguma retificação. Caso não se pronuncie, o Conselho de Ministros enviará um requerimento ao Senado.

"Com a decisão adotada hoje o governo quer evitar a confusão gerada pelas autoridades do governo catalão sobre uma questão que os afeta e preocupa tanto", disse Rajoy. "A resposta do presidente catalão determinará o futuro dos acontecimentos nos próximos dias", afirmou, acrescentando que continua agindo de forma "cautelosa e responsável".

A reunião extraordinária do conselho de minsitros em que foi tomada a decisão foi convocada após o discurso de Puigdemont.

Declaração confusa

No dia 1º de outubro, a Catalunha realizou um referendo pela independência, que teve comparecimento de apenas 43%, dos quais mais de 90% afirmaram que querem a separação do país e a formação de uma república. Desde o princípio, a votação foi considerada ilegal pelo governo de Madri, que enviou as forças de segurança para reprimir a votação. O confronto entre independentistas e forças de segurança terminou com mais de 800 feridos.

O governo espanhol considera que todo o processo do referendo foi ilegal, já que o Tribunal Constitucional (TC) da Espanha o suspendeu por violar a Constituição de 1978, que afirma que o país não pode ser dividido.

Resultado

Na terça-feira,10, Puigdemont anunciou no parlamento o resultado do refendo em que aprovou o "sim" à independência catalã - aprovada por 90% dos votantes. Para o líder catalão, com esse resultado, a região ganhou o "direito de ser independente, a ser ouvida e a ser respeitada", mas propôs a abertura de um processo de diálogo com Madri.

Porém, após a declaração, foi assinado um documento que proclamava a "República Catalã", classificado nesta quarta como apenas como ato simbólico pelo governo catalão.

O pronunciamento frustrou os independentistas que esparavam a declaração unilateral clara da separação e não deixou evidente a posição do governo catalão, o que gera dúvidas sobre o futuro da relação da região autônoma com a Espanha.

Fontes do governo da Espanha ouvidas pela agência Efe classificaram como inadmissível "fazer uma declaração implícita de independência para depois deixá-la suspensa de maneira explícita".

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