Desordem

Praças do centro de São Luís têm infraestrutura física comprometida

Ambulantes que ocupam o espaço público incomodam quem frequenta o local diariamente, enquanto comerciantes e transeuntes esperam uma solução

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Bancas de alimentos, retiradas da Praça da Alegria, ocupam espaço em um dos lados da Praça Deodoro, deixando pouco espaço para transeuntes
Bancas de alimentos, retiradas da Praça da Alegria, ocupam espaço em um dos lados da Praça Deodoro, deixando pouco espaço para transeuntes (Deodoro)

SÃO LUÍS - A Praça Deodoro, uma das mais tradicionais e movimentadas do centro de São Luís, é ponto de convergência para a maioria das linhas de ônibus que circulam pela cidade e demais municípios da Ilha. Por isso, milhares de moradores dos mais diversos bairros da região metropolitana circulam por ela diariamente e observam a constante degradação do local. Sua estrutura física está comprometida, assim como a das praças vizinhas.

Não precisa andar muito pela praça para observar a precariedade do local. As árvores perecem por causa da ação do tempo e da falta de conservação. Várias lixeiras estão danificadas e a população e comerciantes acabam jogando o lixo no chão ou deixando os sacos aos pés das luminárias do local. Em diversas partes há buracos no calçamento que oferecem riscos para as pessoas que caminham pela praça. “É feio o estado em que a praça se encontra. Tudo desorganizado e sujo”, reclama a dona de casa Áurea Maria Ferreira.

Se os buracos no calçamento e o acúmulo de lixo prejudicam o espaço que deveria ser destinado ao passeio de pessoas, outro problema contribui para deixar a situação ainda mais complicada. Com a ocupação do espaço público pelo comércio, falta espaço para os frequentadores. Até os bancos, que deveriam ser destinados para o descanso ou contemplação da paisagem pela população, são ocupados pelos comerciantes.

Enquanto muitos cidadãos reclamam da falta de bancos, em um dos trechos da Praça Deodoro vários bancos de pedra estão jogados sem nenhum cuidado enquanto o mato cresce no seu entorno e o lixo se acumula. Se o cidadão que estiver de passagem sentir vontade de ir ao banheiro, terá de optar em andar até o comércio mais próximo e pedir para usar o vaso sanitário, esperar até chegar em casa ou encarar o banheiro sujo, sem água e papel do coreto da praça. Em uma das portas que dava acesso a um dos lavabos é possível ver sujeira de todo tipo. A estrutura não passa por obras de reforma ou manutenção há vários anos e se desgasta com o tempo e ação de vândalos.

Na Praça do Pantheon, a situação não é muito diferente, mas chama a atenção o fato de que, diferente da sua vizinha - Deodoro -, ela foi fechada para reforma em outubro de 2013, ao custo de R$ 324.104,92, mas pouco tempo depois do término dos serviços o espaço já era alvo das primeiras ações de vandalismo. Hoje, lixeiras e bancos estão danificados e o espaço serve de moradia para moradores de rua, que lavam suas roupas e as deixam sobrem os espaços da Praça do Pantheon.

Todo este cenário é completado com o tráfego cada vez mais intenso e sempre engarrafado nas vias no entorno da praça - as avenidas Gomes de Castro e Silva Maia, ruas Rio Branco, do Passeio, da Paz e do Sol. A barulheira causada pelas buzinas é o reflexo do estresse dos condutores que trafegam pela região. A lentidão do trânsito aumenta por causa da presença dos táxis-lotação, os populares carrinhos, que fazem fila dupla no cruzamento da Gomes de Castro com a descida da Rio Branco e congestionam ainda mais o tráfego. “É preciso ter muita paciência para trafegar por aqui porque se o trânsito em São Luís já é complicado, aqui é mil vezes pior”, diz o condutor Claudionor Viana.

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Fechando o cenário de desordem da região, cartazes colados em qualquer lugar, sem qualquer tipo de padronização, a falta de vagas para estacionamento, a presença de placas dos mais diversos tipos de serviços oferecidos por comerciantes do local e a falta de manutenção de árvores consideradas centenárias aumentam a poluição visual e sonora, contribuindo para a degradação da paisagem urbana.

Além das duas praças, ocupadas por bancas e barracas de venda de comidas, bombons, CDs e DVDs piratas e outras mercadorias, a calçada da Rua do Passeio fica o tempo todo obstruída. Semana passada, uma dessas estruturas foi colocada bem na esquina, impedindo que um ônibus que vinha da Avenida Gomes de Castro fizesse a conversão à esquerda.

A Blitz Urbana, órgão ligado à Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), informou que aguarda a revitalização da região da Deodoro, Rua Grande e Praça João Lisboa, que deve ser executada por meio do PAC Cidades Históricas, de responsabilidade do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) para realizar o disciplinamento definitivo do comércio da região central de São Luís e que já está em curso o estudo de outro local para acomodá-los, feito pela Blitz e pela Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís (CDL).

SAIBA MAIS

A Blitz Urbana, órgão ligado à Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), informou que, para atuar como ambulante no centro de São Luís, a pessoa deve, primeiramente, se associar ao Sindicato ou à Associação do Comércio Informal, ambos instalados no Centro do Comércio Informal (CCI), na Avenida Magalhães de Almeida, e pagar as taxas exigidas pelas duas entidades. Em seguida, ela deve se dirigir à sede da Blitz Urbana, na Avenida dos Franceses, Alemanha, para solicitar autorização para ocupar o espaço público. Os ambulantes em situação irregular podem ser retirados do local onde estejam, ter sua autorização cassada e ainda os produtos apreendidos. A Praça Deodoro está inclusa no projeto de revitalização da Rua Grande. A ordem de serviço foi assinada em abril de 2015, mas as obras ainda não foram iniciadas. Os serviços de requalificação urbanística incluem ainda a Praça do Pantheon e suas alamedas (avenidas Silva Maia e Gomes de Castro). Para isso, foram feitas diversas pesquisas históricas, para que a área retome ao máximo suas características originais. A Praça Deodoro fica em uma área conhecida antigamente como Campo do Ourique, que ia até a Rua de Santaninha. Naquela área, ficava o antigo quartel da cidade, que foi demolido e em sua área construído o Liceu Maranhense. Depois, toda a região foi sendo ocupada pelos diversos prédios que existem ali hoje, como a Biblioteca Pública Benedito Leite, agências bancárias e outros. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a obra de revitalização da Rua Grande possui os recursos garantidos e está com os projetos elaborados. A obra tinha previsão de início ainda para o primeiro semestre de 2017 e incluía ainda as praças João Lisboa e Pantheon.

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