Nação Zumbi tenta manter vivo o Mangue Beat e lança segundo disco sem Chico Science

Globonews.com

Atualizada em 27/03/2022 às 15h28

O movimento mangue beat lançou seu grito no início dos anos 90, principalmente pela voz de Chico Science, e com sua morte, em 1997, foi tristemente abafado. Mas a Nação Zumbi, banda de Chico, não parou na estrada e, segundo declaração do atual vocalista Jorge Du Peixe, vai 'chacoalhar de novo' o Brasil, e não só Pernambuco. A banda está lançando pela gravadora Trama o CD 'Nação Zumbi', com o qual espera colocar o mangue beat de volta à cena nacional e consolidar a carreira do grupo, sem Chico Science.

Para isso, os membros do Nação - Pupillo (bateria e percussão), Dengue (baixo), Lúcio Maia (guitarras), Gilmar Bolla (tambor e voz), Toca Ogan (percussão e voz) e Jorge Du Peixe (vocal) - estão se mudando para São Paulo e a Trama irá relançar 'Rádio S.Amb.a' (primeiro disco depois da morte de Chico Science), que saiu pela independente Y/Brazil?, há dois anos e foi prejudicado pela má distribuição. Para Du Peixe, a banda ainda está se recuperando da ausência de Science.

- Continuamos sendo o Nação Zumbi com o mesmo firmamento do início. É questão de tempo para a gente se recuperar do baque. Sentimos falta de Chico como se fosse uma pessoa da família. Ele era um Zumbi também. Há mais cobranças agora - diz ele, que assumiu os vocais do grupo. - O mangue está distante da mídia mas há muita gente fazendo trabalhos. Não vejo um enfraquecimento. A idéia é não vir sozinho, mas trazer toda a cena - afirmou.

Segundo Du Peixe, a Sony Music, primeira gravadora do grupo, não entendeu a essência do movimento.

- A Sony esperava uma banda efêmera, com uma única batida e que fôssemos a nova axé music. Mas sempre tivemos total controle sobre nosso trabalho. Queriam a monocultura e o mangue é calcado na diversidade. Daí a Sony viu que não vendíamos como queriam - diz.

Influência eletrônica - Além de cantar, Du Peixe também assina as letras das 12 faixas do novo CD, algumas com parcerias. O maracatu ainda é a base do grupo, mas aparecem com mais força o eletrônico, o hip hop e o afro. A faixa de trabalho do CD, 'Meu Maracatu pesa uma Tonelada', traduz a força e o ritmo da banda, não só com os batuques característicos, mas com versos do tipo 'meu maracatu... / sempre foi atômico / agora biônico, eletro-soulsônico'.

- 'Meu maracatu' é a cultura, os costumes, que pedem passagem para fazer muito barulho. A eletrônica sempre existiu no nosso trabalho, mas agora está mais explícito - diz o vocalista.

A influência eletrônica aparece na faixa 'Faz Tempo', com sonoridade meio anos 80, e nas belas 'Prato de Flores' e 'O Fogo anda Comigo', no estilo lounge, as mais dissonantes do trabalho do Nação, junto com 'Ogan Di Belê', canção afro-psicodélica. Segundo Du Peixe, o título de 'O Fogo anda Comigo' foi copiado do nome original de 'Twin Peaks', de David Lynch.

- Essa música tem um ritmo jamaicano dos anos 70, muito eco e soul fora dos moldes tradicionais. Adoro David Lynch, porque ele não tem que explicar o que faz. É uma música tão soturna quanto ele - diz Jorge, que divide os vocais com Nina Miranda, brasileira radicada em Londres, que fez parte da extinta Smoke City.

Além de Miranda, o disco também tem a participação de Dona Cila, vendedora de tapioca de 60 anos, que entrou em estúdio pela primeira vez, na canção 'Caldo de Cana'. O Nação ainda gravou duas músicas em inglês, 'Amnesia Express' e 'Know How' que, segundo Du Peixe, são descaradamente dirigidas ao mercado internacional. Pelo visto, além do Brasil, o mangue da Nação também quer conquistar o mundo.

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