Congelamento de óvulos pode permitir que as mulheres adiem a maternidade

CNN

Atualizada em 27/03/2022 às 15h28

LONDRES -- O nascimento de um bebê britânico saudável, concebido a partir de um óvulo de sua mãe congelado graças a uma nova técnica, poderá deter o relógio biológico das mulheres e dar uma nova esperança a pacientes com câncer.

Ao contrário dos espermatozóides e dos embriões, os óvulos humanos são difíceis de congelar, por sua fragilidade e porque podem sofrer danos em baixas temperaturas.

O processo de congelamento também endurece a cobertura do óvulo, o que dificulta a penetração do espermatozóide. E, por causa dessas dificuldades, pouco sucesso se obteve nessa área nos últimos 20 anos.

Mas os médicos da clínica Fertility Services Midlands, nas proximidades de Walsall, na Inglaterra, usaram uma técnica inovadora para superar esses problemas, que já frustraram muitas tentativas anteriores, e o primeira bebê britânico concebido graças ao novo processo - uma menina - nasceu em junho passado.

"Não havia um equivalente para as mulheres como há para os espermatozoides dos homens", disse a embriologista Sue Barlow, que trabalha na clínica.

O congelamento de óvulos é descrito como o último tipo de planejamento familiar e pode permitir a gravidez a mulheres que decidem dar prioridade a suas carreiras e passam a enfrentar um relógio biológico que avança sem cessar, assim como as que experimentam uma menopausa prematura ou que sofrem de câncer e podem perder sua fertilidade devido aos tratamentos médicos.

Toda mulher nasce com uma reserva de óvulos para toda a vida, mas a fertilidade diminui com o passar do tempo e à medida que se aproxima da menopausa.

O primeiro bebê nascido na Grã-Bretanha graças ao processo, Emily Perry, foi concebido com um óvulo extraído de sua mãe e congelado seis meses antes.

Apenas algumas dezenas de bebês nasceram de óvulos congelados em todo o mundo desde 1986, quando as primeiras tentativas foram realizadas, pois havia dificuldade para se congelar e se descongelar os óvulos.

A equipe britânica, no entanto, utiliza agora uma técnica desenvolvida por especialistas italianos em fertilidade.

Ao aumentar a concentração de sacarose na solução de congelamento e determinar o momento em que o óvulo se deposita nela pode-se ajudar a triplicar o índice de sobrevivência dos óvulos.

O processo mais suave de congelamento reduz a formação de cristais de gelo que podem perfurar a membrana que envolve o óvulo e destruí-lo.

Barlow disse que outro avanço é o uso de um tratamento para a fertilidade chamado ICSI, no qual apenas um espermatozóide é injetado no óvulo.

Com a fertilização in vitro é difícil que o espermatozóide penetre na cobertura do óvulo, que geralmente endurece durante o congelamento.

"Ainda é muito prematuro, mas com os nascimentos que aconteceram até agora parece que o procedimento pode funcionar", explicou Barlow. "Se tivermos um bebê saudável é porque o método funciona; caso contrário, simplesmente não se consegue a gravidez".

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