Drogas para combate da Aids na África são revendidas para a Europa

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

LONDRES e AMSTERDÃ - Remédios para Aids fornecidos para a África a preços baixos foram ilegalmente revendidos para a Europa, ameaçando acabar com um sistema de descontos de até 90% para países pobres, anunciaram o laboratório farmacêutico britânico GlaxoSmithKline e o governo na Holanda nesta quinta-feira.

Autoridades holandesas recolheram uma grande quantidade dos remédios Combivir e Epivir, da GlaxoSmithKline, depois de descobrir o esquema de revenda de mais de 35 mil pacotes de comprimidos com um valor de mercado de US$ 14,8 milhões na Holanda e na Alemanha.

"Apesar de provavelmente haver apenas uma quantidade pequena ainda em circulação, a inspetoria acham necessário recolher todos os remédios distribuídos ilegalmente, para eliminar qualquer risco à saúde", disse a Inspetoria de Saúde do governo da Holanda.

Segundo a inspetoria, não há razão para acreditar que os remédios tenham sido afetados pelo transporte.

O medicamento foi importado em julho de 2001, por uma empresa holandesa cujo nome não foi divulgado, e revendido para atacadistas e farmacêuticos. A inspetoria disse que o importador será processado.

A GlaxoSmithKline disse que lamenta o incidente.

- Estamos apavorados e tristes de ver isso. As vítimas desse comércio ilegal são as pessoas que tem HIV e Aids na África - disse Alan Chandler, porta-voz do laboratório.

- Ainda estamos comprometidos em tornar esses remédios acessíveis a preços baixos, mas obviamente vamos rever uma série de questões sobre como os produtos são distribuídos e como as embalagens são diferenciadas.

Chandler disse que esse era o primeiro caso de exportação de remédios para Aids a partir da África desde que alguns dos maiores laboratórios do mundo lançaram um esquema para suprir de remédios anti-retrovirais os países mais afetados pela epidemia. Esses remédios compõem o coquetel que diminui a progressão da Aids. Os descontos para a África Subsaariana são de até 90%.

O incidente ressalta a dificuldade de evitar que os remédios retornem para os lucrativos mercados ocidentais, comércio ilegal que os fabricantes dizem que pode minar futuras pesquisas para desenvolvimento de remédios.

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