Aids ameaça segurança de cinco países, diz relatório feito para CIA

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h29

A disseminação do vírus da Aids pode triplicar o número de casos da infecção na Rússia, China, Índia, Nigéria e Etiópia até 2010, deixando para trás os números da África Subsaariana, atual epicentro da epidemia, diz um novo relatório da inteligência americana sobre o tema. No relatório, a nova fase da epidemia mundial é apresentada como uma grave ameaça à segurança desses países, da região em que estão e dos Estados Unidos.

O número de pessoas infectadas nos cinco países analisados vai saltar para 50 milhões a 70 milhões até o fim da década, estimou o Conselho Nacional de Segurança, que presta serviços à CIA. Atualmente, estima-se que, somados, estes países tenham 14 milhões a 23 milhões de infectados.

Rússia, China, Índia, Nigéria e Etiópia, que concentram 40% da população mundial, estão em um estágio menos avançado da epidemia do que a África Subsaariana, que deve ter 30 milhões a 35 milhões de soropositivos em 2010, segundo o documento, intitulado. 'A Próxima Onda de HIV/Aids'. Atualmente, a África tem 25 milhões a 27 milhões de infectados.

- Essas projeções não são destino. Mas são, do nosso ponto de vista, um julgamento realista do que ameaça acontecer nesses países - disse David Gordon, ex-funcionário da CIA especializado em temas econômicos e globais. - O hábito de ver a Aids como um problema africano vai entrar em contradição com a realizada da doença.

As estimativas não são as piores hipóteses possíveis e levaram em conta que os governo tomarão alguma atitude, ainda que não dramática, para conter a doença. O relatório foi colocado à disposição dos governos dos cinco países.

As estimativas são muito superiores às do Unaids, o programa das Nações Unidas para a doença. O programa calcula que haverá 60 milhões de portadores do vírus em todo o mundo em 2010.

Os especialistas que elaboraram o relatório para a CIA dizem que a disparidade pode se dever ao fato de o Unaids depender de dados oficiais de governos, que freqüentemente subestimam a epidemia. O novo documento inclui avaliações acadêmicas e de organizações não governamentais.

Os países foram escolhidos para análise por sua importância estratégica para os Estados Unidos e porque nenhum outro conjunto de cinco países teria um número tão grande de infectados em 2010.

Nesse grupo, a epidemia de Aids está mais avançada na Nigéria e na Etiópia, onde há uma porcentagem maior de adultos infectados do que na Rússia, China ou Índia.

O relatório prevê que a Índia terá o maior número de casos em 2010 - 20 milhões a 25 milhões. A Rússia teria o menor número entre os cinco países: 5 milhões a 8 milhões.

Segundo David Gordon, o HIV poderá criar tensões na definição de prioridades de gastos, elevando os custos da saúde pública e reduzindo as tropas.

- Não estamos dizendo que a Aids vai ser um problema para as relações entre EUA e Rússia, por exemplo, mas que esse será um tema importante para a Rússia. Vai moldar forma como o país irá emergir (na era pós-soviética) e vai ser uma limitação desse processo - disse Gordon.

Gordon disse que não vê a epidemia como uma ameaça fundamental para a Índia e a China nesta década, a ponto de ameaçar-lhes o status de potenciais regionais e emergentes no cenário global.

- Mas, no longo prazo, se a situação não for resolvida, o impacto pode crescer demais - disse Gordon.

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