Estreia

Em documentário, artistas falam sobre mercado sertanejo

"O Fenômeno Sertanejo" tem estreia marcada para o dia 9 de abril.

Na Mira, com informações da assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h08
Os sertanejos Luan Santana e Michel Teló fazem parte da produção.
Os sertanejos Luan Santana e Michel Teló fazem parte da produção. (Foto: reprodução)

BRASIL - Nem MPB e nem rock. O sertanejo é o estilo mais laico da música brasileira, isto é, que não se furta a fusões para continuar em evidência. É o ritmo mais rentável e que movimenta cadeia econômica milionária em que investidores, nem sempre ligados à cultura, definem o que é sucesso.

O assunto é tema do documentário O Fenômeno Sertanejo, com Luan Santana, Chitãozinho & Xororó, Michel Teló, Alok e Naiara Azevedo, entre outros cantores, o produtor musical João Marcello Bôscoli, compositores, empresários e especialistas. A obra estreia em 9 de abril, às 22h, no canal de TV por assinatura Music Box Brazil.

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Estruturado em nove capítulos, o filme resume três mutações do sertanejo até se tornar estritamente comercial. Surge em 1929 como música caipira e regional, com o retrato dos interiores do país. Canta o sertão, Chico Mineiro, cavalo e o arreio. O sertanejo moderno em 1982 com Chitãozinho & Xororó introduzindo banda nos arranjos de Fio de Cabelo, tocando em rádios e TVs das grandes cidades. Ganha fôlego na década seguinte com Zezé di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo no projeto Amigos. Em 2000, o país conhece o sertanejo universitário dos pioneiros João Bosco & Vinícius.

Aumento do poder de consumo dos brasileiros, pulverização das redes sociais e pirataria de discos. Os universitários João Bosco & Vinícius se apresentam em festas estudantis de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, até que um registro amador deles se espalha por repúblicas do Estado e pelo Brasil. “Deram um nome: sertanejo universitário”, explica Bôscoli. Os consumidores são “Um público jovem, que compra ticket, que consome shows e música na internet”, define Michel Teló. A explosão de novas duplas vem nesse embalo.

O sertanejo universitário se torna música de estética urbana consumida pela grande massa e elite brasileira, embora rejeitada pela MPB. Vira um negócio e um novo termo se populariza: gestor de carreiras. Isto é, investidores que acreditam no potencial econômico do meio, lançando duplas como espécie de startups. “São pessoas físicas, às vezes empresários, que não têm muito a ver com o mundo da música, mas gostam e injetam dinheiro num projeto”, caracteriza Cuiabano, locutor anfitrião da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.

O debate também abordará o monopólio de grandes escritórios nos investimentos e faturamentos do meio, a mensuração de novos singles, fusões com pagode, música eletrônica e outros ritmos, o artista como um produto e o lançamento de novos talentos na dependência de investidores. Sorocaba, dupla com Fernando, refletirá sobre compras de posições em paradas de sucesso e engajamento nas redes sociais. A autoafirmação das mulheres como contraponto a letras machistas cantadas por homens no movimento Feminejo, com Maiara & Maraísa, Naiara Azevedo e Marília Mendonça.

O Fenômeno Sertanejo é uma produção da Clube Filmes com direção geral e artística de Fabrício Bitttar. “O sertanejo, com certeza, vai ficar muito tempo ainda nas paradas. Ele tem uma estrutura já montada e construída, com rádios e shows, pessoas vendendo esses eventos, uma estrutura de produção e criação de conteúdo. Há um interesse muito grande de jovens em se lançarem nesse mundo. Quer dizer, existe material humano. A gente não vê no horizonte da música brasileira uma reação da MPB e do rock”, avalia o pesquisador Edvan Antunes.

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