Investigação

Cartel:Funcionários da Petrobras e do MP-MA sabiam de acerto

Gravações mostram envolvimento de gerente da estatal e de ex-assessor do MP-MA.

Diego Torres / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h56

SÃO LUÍS - As gravações telefônicas feitas pelo Ministério Público Estadual (MP-MA) durante as investigações sobre a formação de cartel nos postos de São Luís revelaram que, além dos empresários, pelo menos um funcionário da Petrobrás (BR Distribuidora) e do próprio MP-MA tinham participação ou sabiam do crime. Na segunda-feira (31) o Imirante.com divulgou, com excluvidade, trechos das conversas nas quais empresários reclamavam de preços dos concorrentes e até a adição de água nos combustíveis.

Para o MP-MA, não restam dúvidas da participação do gerente de postos da Petrobrás, Manoel Oliveira Soares, e do jornalista e coordenador de comunicação do Ministério Público, Tácito Garros, na investigação de 2011.

Manoel Soares, segundo a denúncia do MP, era o responsável por interceder junto a revendedores que não cumpriam o acordo. Era ele quem, também, mantinha os operadores do cartel e o ex-presidente do Sindicatos dos Revendedores de Combustíveis, Dileno de Jesus Tavares, informados sobre promoções.

Veja, a seguir a conversa entre Dileno Tavares e Manoel Soares:

Reprodução da denúncia do MP.
Reprodução da denúncia do MP.

Durante as escutas, ficou confirmado também o envolvimento do jornalista Tácito Garros, até então ex- coordenador de comunicação social do MP e, também, assessor do Sindicombustíveis. Nas gravações, fica claro o tráfico de influência exercido pelo jornalista e que ele sabia da incompatibilidades entre as duas funções. No diálogo a seguir, o sindicalista liga para seu assessor e pede orientações sobre o que falar a uma entrevista da TV Mirante. Eles também comentam uma matéria do portal Imirante.com e do jornal O Estado.

Reprodução de trecho da conversa entre Dileno e Tácito.
Reprodução de trecho da conversa entre Dileno e Tácito.

Outro lado

O Imirante.com pediu esclarecimentos à Petrobras Distribuidora sobre o envolvimento de seu gerente da rede de postos citado nas gravações, Manoel Oliveira Soares. Embora a nota oficial não mencione a função atual do funcionário, por telefone, o gerente de imprensa e comunicação interna da estatal, Marcelo Siqueira Campos, disse que o funcionário continua trabalhando normalmente.

Nota

Em resposta ao questionamento do Portal Mirante, a Petrobras Distribuidora informa que os preços dos combustíveis são definidos por cada revendedor, conforme determina a legislação brasileira.

Em relação a irregularidades que estão sendo apuradas no Maranhão, a Petrobras Distribuidora tem conhecimento de uma denúncia de suposto envolvimento de um empregado.

Este já apresentou sua defesa e o processo está em curso, não havendo qualquer decisão judicial. A empresa destaca ainda que pauta sua atuação pelo respeito às leis e às melhores práticas comerciais e concorrenciais, pela conduta ética e pelo respeito ao consumidor.

A assessoria de comunicação do MP-MA informou que Tácito Garros não faz mais parte do quadro de funcionários do Ministério e ressaltou que, durante sua passagem pelo órgão, processos administrativos foram abertos contra ele.

O jornalista Tácito Garros não foi encontrado pela reportagem.

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