Pesquisa

Pesquisadores estudam combate à esquistossomose

Atualizada em 27/03/2022 às 13h33

SÃO LUÍS - Pesquisadores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) estão investigando plantas nativas da flora maranhense com o objetivo de descobrir nelas extratos vegetais capazes de eliminar tanto o Shistossoma mansoni (parasita responsável pela causa da esquistossomose intestinal) quanto os caramujos da espécie Biomphalaria (hospedeiros intermediários do verme).

Os estudos estão sendo realizados no Laboratório de Parasitologia e Bioquímica da Uema, sob a coordenação e orientação dos professores Nêwton Silva Souza e Alessandra Valverde, pelas estudantes bolsistas de iniciação científica, Andiara Garcez, Hallyne Davink, Selma Patrícia Diniz Cantanhede, Marta Martins Almeida, Adriana de Mendonça Marques e Marjane Soares.

Atualmente, o grupo trabalha com duas linhas de pesquisas. A primeira é a avaliação moluscicida, cujo objetivo, segundo Neuton Silva Souza, é encontrar alternativas naturais de combate ao molúsculo hospedeiro que venham substituir os moluscicidas sintéticos, já que esses, embora eficientes, também agridem o meio-ambiente. Dentro dessa linha de pesquisa, encontra-se o projeto Comparação da Atividade Moluscicida entre caramujos da espécie Biomphalaria glabrata. Coletados nos Municípios de São Luís e de São Bento, de autoria de Marta Martins Almeida.

A outra linha de pesquisa trabalhada pelo grupo é a Shistosoma mansoni, a partir da qual os pesquisadores estão se dedicando a descobrir, nas plantas maranhenses, algum princípio ativo capaz de eliminar o próprio verme adulto causador da esquistossomose. O projeto “Atividade Schistosomicida da planta Caryocar brasiliense em Mus musculus, de autoria da aluna Andiara Garcez, faz parte dessa linha e tem o propósito de verificar se a Caryocar brasiliens (nome científico do pequi) possui alguma substância capaz de eliminar o verme.

Estudo do pequi - Andiara Garcez explicou que a escolha pelo estudo do pequi não foi por acaso, pois além de se tratar de uma espécie vegetal abundante na flora local, também é sabido que nele há uma substância denominada de Saponina, tipo de moluscicida vegetal. “Agora, o que pretendemos é descobrir se nele há também alguma substância capaz de matar o Shistosoma mansoni”.

Outro trabalho que merece destaque dentro da segunda linha de pesquisa é a tese “Antígenos de Superfície de Shistosoma mansoni como candidato à vacina”, de autoria do professor Nêuton Silva-Souza, doutorando da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), que há dois anos vem realizando estudos a fim de encontrar uma vacina para a chamada esquistossomose silvestre, sob a orientação das professoras doutoras, Ana Lúcia Abreu (Uema) e Ivone Garros-Rosa (Ufma).

A esquistossomose ou barriga d'água é uma doença infecto contagiosa transmitida pelas larvas do Schistosoma mansoni. A transmissão se dá através das larvas que se alojam em caramujos de água doce. Elas penetram na pele do homem quando se banha nas regiões contaminadas. Uma vez no corpo humano, o verme chega à corrente sangüínea, passa pelos pulmões e coração até atingir o fígado. Após 40 dias da infecção, ovos do verme já podem ser encontrados nas fezes da pessoa. Um novo ciclo é iniciado quando a pessoa doente defeca em regiões úmidas, e os ovos atingem novamente os caramujos.

Segundo Nêuton Silva-Souza, todas as pesquisas realizadas por seu grupo visam, sobretudo, contribuir com a redução do número de casos de esquistossomose mansônica, que hoje é a segunda maior doença parasitária responsável por morbidade, perdendo apenas para a malária. No mundo, estima-se que atualmente existam mais de 200 milhões de casos. No Brasil, a estimativa é de que mais de seis milhões ocorram anualmente. A Baixada Ocidental Maranhense, por exemplo, é uma área endêmica, onde muitas pessoas já foram vitimadas pela esquistossomose.

Fonte: Ascom/UEMA

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.