Direitos Humanos

Deputado diz que causa da morte de Tamires ainda

Léo Cunha disse que presos e carcereiros contaram versões diferentes sobre o caso.

Pedro Sobrinho / Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h41

SÃO LUÍS - A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Eliziane Gama (PPS), já se encontra no município de Porto Franco, para apurar sobre a morte da jovem Tamires Pereira Vargas, 19 anos, ocorrida na Terça-Feira de Carnaval, 8 de março, dentro de uma cela na delegacia de Porto Franco, distante 800 quilômetros da capital maranhense.

Os deputados fizeram uma visita, na manhã desta quinta-feira (24), à delegacia de Porto Franco. Em entrevista à Mirante AM, o deputado Léo Cunha (PSC), um dos membros da comissão, disse há versões diferentes sobre a morte de Tamires. Segundo ele, houve divergências de opiniões entre o que os presos e os carcereiros contaram sobre o caso.

- Isto deixou uma certa dúvida no que diz respeito a causa da morte da jovem. O próximo passo da comissão é levar os presos que presenciaram a chegada de Tamires até à delegacia. Cada um será ouvido como testemunha na Câmara de Vereadores de Porto Franco, assim como as pessoas que estavam de plantão no dia em que aconteceu o caso - informou.

Segundo o parlamentar, em levantamento superficial feito pela Comissão de Direitos Humanos, os presos contaram que a vítima chegou na cela se arrastando, dizendo "acabaram comigo" e colocava a mão nos órgãos genitais. Já o carcereiro garantiu que Tamires chegou na delegacia bem. Em seguida foi encontrada morta, vítima de enforcamento.

O deputado Léo Cunha (PSC) disse que a Comissão de Direitos Humanos ficará em Porto Franco até às 15h desta quinta-feira (24) e, logo em seguida, se deslocará para Campestre do Maranhão, onde a jovem morava.

Integram a comitiva, além da presidente da Comissão, Eliziane Gama, os deputados Édson Araújo (PSL), Antônio Pereira (DEM), Carlinhos Amorim (PDT), Gardênia Castelo (PSDB), Valéria Macêdo (PDT) e Léo Cunha (PSC).

Entenda o Caso

Segundo informações da Polícia Civil, Tamires Pereira Vargas, que residia em Campestre, foi encontrada morta dentro de uma cela da delegacia de Porto Franco e a causa da morte foi enforcamento. Porém, a versão contestada pelos familiares da jovem.

- A Tamires não sofria de depressão. Era uma jovem normal, feliz e que adorava a vida. Não consigo conceber esta versão dando conta de que a minha filha se suicidou - afirmou a mãe de Tamires.

Laudo

A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio da Polícia Civil e da Superintendência de Polícia Técnico-Cientifica divulgou os laudos do exame pericial e de necropsia que descrevem e esclarecem as circunstâncias da morte da jovem de 19 anos, Tamires Pereira Vargas.

Segundo informações policiais, Tamires foi encontrada morta, às 2h30 da madrugada de 9 de março de 2011 nas dependências da Delegacia de Polícia Civil do município de Porto Franco, interior do Maranhão.

Tamires, natural de Tocantins, era estudante e residia na Rua Goiás, bairro Torre, na cidade de Campestre, a 20 km de Porto Franco. À época, de acordo com a Polícia Civil, ela teria sido detida em decorrência de um desacato cometido contra policiais militares em Campestre, após envolvimento em uma briga durante festividade carnavalesca, onde na ocasião, a jovem teria tentado danificar a viatura policial.

Segundo informações, ela estava completamente embriagada e sem condições de prestar depoimento. Tamires ficou detida na Delegacia local, onde foi encontrada morta, durante a madrugada, em um corredor entre a carceragem nº 4 e o espaço destinado ao banho de sol.

Com base na análise de vestígios materiais relacionados ao fato e na análise técnico-pericial realizada pelo Núcleo Regional de Criminalística de Imperatriz, por meio do laudo de nº 0014/2011 e no laudo de necropsia de nº 118/2011, trata que Tamiris Pereira Vargas, foi vítima que sofreu uma morte do tipo violenta, resultado de suicídio.

A vítima teria se utilizado de uma corda aparentemente confeccionada em material sintético. Os carcereiros informaram que a corda era utilizada pelos presos para armarem suas redes.

De acordo com a análise-pericial realizada, o laudo traz o seguinte comentário: “A vítima sofrera uma extensa e oblíqua lesão contusa envolvendo o pescoço, ao nível da laringe, mais baixa e com sulcos profundos na região anterior e decrescentes em direção à nuca, ocasionando pela constrição de uma corda, apresentando o nó na região cervical posterior, características de enforcamento. Ausência de escoriações ao redor do pescoço (área de contato com a pele) e de pele embaixo das unhas denota que a vítima não teve a ação de impedir o ato de enforcamento”.

Os peritos reconstituem a dinâmica do evento assim: “Tamires Pereira Vargas, aproveitando-se de uma das cordas que já estavam fixas na grade superior do local, fez um laço com nó corrediço, colocando-a no pescoço, a partir daí ficando sujeita a ação da gravidade que a faz despencar em direção ao piso (...), provocando a protrusão da língua com conseqüente asfixia e rompimento das vértebras. Devido à gravidade das lesões, a vítima veio a falecer no local”.

E conclui: “Ante o analisado e exposto no transcorrer dos trabalhos periciais, conclui os peritos que no interior da Delegacia de Polícia Civil de Porto Franco, ocorreu uma morte violenta do tipo suicídio, perpetrada contra a pessoa identificada por Tamires Pereira Vargas, por enforcamento”.

Em depoimento, a mãe de Tamires, Josefa da Silva, disse ao delegado Antonio Luis Gomes que sua filha já tinha tentado cometer um homicídio há cerca de três anos, na época, utilizando uma corda que estava amarrada a um cabo na sala de onde residiam. O motivo teria sido término de um relacionamento amoroso. A mãe contou ainda que ela era agitada.

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