Dia da Mulher

Economia brasileira perde mais de R$ 2 bi com mortes femininas

Quase 60 mil mulheres receberão o diagnóstico de câncer de mama em 2018.

Divulgação/Femama

Atualizada em 27/03/2022 às 11h19
O câncer de mama é responsável por 14.206 óbitos anuais.
O câncer de mama é responsável por 14.206 óbitos anuais. (Foto: Reprodução)

O Dia Internacional da Mulher, além de celebrar vitórias femininas, serve para lembrar que ainda há muitas dificuldades para serem superadas, como é o caso da maior atenção à saúde da população feminina. Quase 60 mil mulheres receberão o diagnóstico de câncer de mama em 2018 (segundo dados do Inca), principal tumor que atinge as mulheres. Grande parte terá no SUS a única via para conseguir tratamento, sendo submetida a um sistema ineficiente e capaz de tornar o enfrentamento da doença ainda mais desgastante e traumatizante.

O câncer de mama é responsável por 14.206 óbitos anuais (segundo dados do Inca, 2013) e, por esse motivo, a cada ano, a economia brasileira deixa de movimentar aproximadamente R$ 2.059.870.000, gerando recuo da produtividade para o país. Esses dados são de um estudo recente que mediu as perdas financeiras na economia provocadas pela morte por câncer de mulheres economicamente ativas.

Consciente do impacto que ações locais podem ter sobre esse cenário e aproveitando o Dia Internacional da Mulher, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) lança, nesta quinta-feira (8), um documento orientador que sugere frentes de trabalho para o combate ao câncer da mulher. O material é resultado de encontro promovido pela Federação em 2017, que reuniu ONGs de apoio a pacientes e lideranças políticas femininas de todo o País, entre elas governadoras, prefeitas, depuradas, vereadoras e primeiras-damas.

A partir de um panorama global, o guia aponta dificuldades identificadas no enfrentamento da doença e as possibilidades de iniciativas envolvendo poder público e terceiro setor que podem ser implementadas para superar os desafios. Visa, assim, propor caminhos para ampliar o acesso ao atendimento qualificado e ao tratamento ágil e assertivo do câncer. A Femama realiza agora o acompanhamento de iniciativas que saíram do papel a partir da realização do encontro e estimula que novas ações sejam desenvolvidas ao longo deste ano.

“Nosso objetivo é contribuir para que mulheres de todas as regiões brasileiras possam contar com um sistema de saúde efetivo e capaz de atendê-las em todas as suas necessidades. O que vemos atualmente é a demora em conseguir tratamento e a não oferta de alternativas terapêuticas básicas e mais eficazes: vemos isso, por exemplo, no câncer de mama metastático HER2+”, cita a mastologista Dra. Maira Caleffi, presidente da Femama.

O caso ao qual a especialista se refere é a incorporação do trastuzumabe, medicamento que revolucionou o tratamento do câncer de mama metastático, estágio mais avançado da patologia, no SUS. “Desde 29 de janeiro, ele deveria ser ofertado pelo SUS em todo o País. Porém, em diversos estados já recebemos denúncias de que não estará disponível pelo menos até abril. Ou seja, enquanto isso, mulheres não recebem tratamento para sua doença e precisam conviver com a incerteza de não saber quando poderão recebê-lo”, atesta.

O documento orientador, que será lançado pela Femama, traz medidas que abrangem todo o espectro de assistência plena em saúde para as pacientes com câncer. Nesse sentido, o impacto poderá ser sentido em diferentes áreas da sociedade, inclusive na economia. Para se ter uma ideia do potencial de impacto que ações que ampliem o acesso de pacientes a diagnóstico e tratamento podem ter economicamente, dados do Observatório da Oncologia apontam para o valor do tratamento do câncer de mama em estágio inicial: R$ 11.373 por paciente com câncer de mama pré-menopausa e R$ 49.488 nos casos pós-menopausa. Nas fases mais avançadas (estadiamento III), esses números chegam a R$ 55.125 (pré-menopausa) e R$ 93.241 (pós-menopausa). E cada vida feminina perdida pelo câncer gera uma perda média de R$ 145 mil na economia. Ou seja, o montante que deveria ser investido pelo poder público no tratamento dessas pacientes é muito inferior ao que o montante que a economia brasileira deixa de ganhar se essas mesmas mulheres estivessem vivas e economicamente ativas.

“Prevenir, diagnosticar precocemente e tratar: esse é o tripé de uma assistência médica digna. Por isso, aproveitamos o Dia Internacional da Mulher para falar da saúde da população feminina de todo o Brasil: unindo forças entre o terceiro setor e o poder público, podemos salvar milhares de vidas”, conclui.

Perda financeira

A pesquisa publicada recentemente no periódico “Cancer Research Epidemiology” concluiu que cada morte feminina em decorrência de câncer gera uma perda média de R$ 145 mil à economia brasileira. Considerando as 14.206 mortes anuais de mulheres por câncer de mama no Brasil, mais de R$ 2 bilhões deixam de ser injetados na economia brasileira.

O cálculo do estudo considera a renda média das profissionais, quantos anos deixaram de ser trabalhados e com quanto elas poderiam ter contribuído economicamente por meio de salário e emprego até o final da carreira.

Sobre a Femama

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, influenciando políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de 73 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país. A Femama foi a primeira instituição a trazer o Outubro Rosa de forma organizada para o Brasil, em 2008, com ações em diversas cidades, em parceria com ONGs associadas.

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