Saúde

INCA e Ministério de Saúde lançam publicação com panorama do câncer em adolescentes e adultos jovens

No grupo etário de 15 a 29 anos, câncer é a principal causa de morte por doença.

Imirante.com, com informações da assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h25
(Foto: Reprodução)

RIO DE JANEIRO - Na cerimônia do Dia Mundial do Câncer, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e o Ministério da Saúde (MS) lançam a publicação Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade, que traça, pela primeira vez, um panorama do câncer em adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) no Brasil.

O estudo detalhado de 412 páginas, que servirá como balizador para o planejamento e gestão de ações e políticas públicas, aponta que, no Brasil, no período de 2009 a 2013, ocorreram 17.527 mortes por câncer no grupo de 15 a 29 anos (5% de todos os óbitos no grupo). O câncer foi, no período, a principal causa de morte por doença neste grupo etário e a segunda causa geral atrás apenas de “causas externas” (acidentes e mortes violentas de diferentes tipos).

O trabalho do INCA/MS indica que a taxa média de mortalidade por câncer ajustada de adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) foi de 67 por 1 milhão, no período de 2009 a 2013. Uma boa notícia da publicação é que essa taxa está estável. De 1979 a 2013, a variação das taxas de mortalidade nesta faixa etária foi de apenas 0,3%, o que, do ponto de vista estatístico, significa estabilidade.

O câncer possui padrões diferenciados nas três faixas etárias: crianças (0 a 14 anos), adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) e adultos (acima de 30 anos). O estudo indica que os tumores mais frequentes em adolescentes e adultos jovens são os carcinomas (34%), linfomas (12%) e tumores de pele (9%).

Em relação à incidência de câncer, a publicação aponta que a mediana das taxas médias no Brasil entre as pessoas de 15 a 29 anos foi de 236 casos/milhão. A taxa é bem superior à verificada em crianças de 0 a 14 anos de 127/milhão, mas inferior às dos principais tipos de câncer em adultos. O câncer em adolescente e adultos jovens, assim como em crianças, é classificado como “raro”. A maior incidência de câncer em pessoas mais velhas é consequência do maior tempo de exposição a fatores de risco – por exemplo, uma pessoa que fuma durante muitos anos está mais propensa a desenvolver um câncer de pulmão.

“O câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens é considerado uma doença rara, mas existe e é a principal causa de morte por doença neste grupo etário. Ele é curável, mas é preciso ter conhecimento de que existe e fazer o diagnóstico”, afirma a médica Beatriz de Camargo, doutora pesquisadora do INCA e uma das autoras do estudo.

“É comum que adolescentes e adultos jovens resistam em procurar atendimento médico. Em geral, eles são independentes dos pais suficientemente para tomarem decisões, mas ainda não têm o amadurecimento para tomar decisões mais sérias, como a de procurar um especialista. É necessário estar atento aos sintomas e sinais do câncer e procurar atenção médica”, acrescenta Beatriz de Camargo.

As localizações mais frequentes dos carcinomas em adolescentes e adultos jovens são no trato geniturinário (taxa de incidência de 24,83/milhão), tireoide (14,18/milhão), mama (12,46/milhão) e cabeça e pescoço (4,57/milhão), aponta o estudo.

Além da detecção precoce, Beatriz de Camargo enfatiza a importância da prevenção. As recomendações para os adolescentes e jovens adultos são as mesmas dos adultos: adotar um estilo de vida que combine atividade física, alimentação saudável e peso corporal adequado e evitar a exposição a fatores de risco como o tabaco, sol em excesso, agrotóxicos etc.

No caso dos tumores no trato geniturinário (o principal é o câncer do colo do útero), o desenvolvimento está diretamente ligado à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), que é transmitido principalmente pela relação sexual. O Ministério da Saúde promoveu nos últimos anos uma campanha nacional de vacinação contra o vírus, cujos resultados positivos serão colhidos no futuro. No momento atual, a educação sexual dos jovens é a maior aliada na prevenção do câncer do colo do útero, afirma Beatriz de Camargo, que ressalta a importância do uso de preservativos.

Protocolo de Diagnóstico Precoce do Câncer Pediátrico

O Ministério da Saúde lança o primeiro Protocolo de Diagnóstico Precoce do Câncer Pediátrico. A publicação vai auxiliar profissionais da saúde a conduzir casos suspeitos e confirmados dentro de uma linha de cuidado, com definição de fluxos e ações desde a atenção básica até a assistência de alta complexidade.

A partir de agora, profissionais de todos os serviços de saúde terão mais segurança para considerar os achados clínicos com a idade, sexo, associação de sintomas, tempo de evolução e outros dados, para que possam suspeitar corretamente e conduzir o caso ao diagnóstico de maneira rápida e eficaz.

A publicação estará disponível no site do Ministério da Saúde.

Inauguração da Pediatria

O INCA inaugura hoje a nova Unidade de Internação Pediátrica (Pediatria), que passou por um amplo processo de revitalização, adequação e ambientação.

O câncer pediátrico é uma doença curável e o período de tratamento varia de seis meses a dois anos, sendo que são previstas algumas internações neste período. O novo espaço da Pediatria do INCA oferece aos pacientes pediátricos um ambiente mais acolhedor, humanizado e adequado à realidade das crianças e adolescentes.

A reforma também buscou adequar o espaço à complexidade crescente dos tratamentos atuais. Uma das inovações foi a criação da sala de acolhimento, reservada para o profissional da assistência receber pacientes e seus familiares. A sala oferece o conforto e a privacidade necessários para que as conversas sobre o tratamento ocorram de forma individualizada, permitindo esclarecimentos de dúvidas e discussões sobre temas delicados referentes ao paciente.

Composta por dois leitos, a unidade de cuidados intermediários (UCI) recebe pacientes em condições clínicas que requerem mais atenção e estão em transição entre a enfermaria e a unidade de cuidados intensivos pediátrica (UTIP).

Algumas novidades da nova Pediatria visam melhorar a rotina hospitalar para os familiares e a equipe técnica. Como muitos pacientes são provenientes de outros municípios e até de outros estados, foi criado um amplo maleiro, com armários individuais que permitem que os familiares guardem suas bagagens de forma mais adequada. O novo almoxarifado-satélite reunirá em um só local os insumos utilizados na Pediatria, o que agilizará os atendimentos.

“Os benefícios são muitos. Um novo ambiente mais humanizado e acolhedor impacta positivamente nos pacientes, familiares, acompanhantes e profissionais de saúde do INCA. Desta forma, podemos fazer com que os períodos de internação sejam mais bem-aceitos pelos pacientes e melhorar o resultado do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares”, ressalta Sima Ferman, chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do INCA.

A obra, que custou cerca de R$ 1,8 milhão, contou com o apoio da Fundação do Câncer e foi custeada a partir de doações de ONGs, como o Instituto Ronald McDonald (o maior apoiador), e pessoas físicas e jurídicas. Ela demandou 18 meses de planejamento e nove meses de execução. Durante a obra, os pacientes ficaram em uma enfermaria provisória e não houve redução do número de atendimentos.

Situada na sede do INCA, na Praça Cruz Vermelha, no Centro do Rio de Janeiro, a Pediatria é um centro de referência especializado no tratamento do câncer infantojuvenil e conta com 36 leitos distribuídos entre a enfermaria (28), a UCI (2) e a UTIP (6).

Sobre a publicação

Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade é resultado do trabalho conjunto de profissionais do INCA da Divisão de Vigilância e Análise de Situação, do Programa de Hematologia-Oncologia Pediátrica e do Serviço de Oncologia Pediátrica. A elaboração ficou a cargo de Marceli de Oliveira Santos, Beatriz de Camargo, Marise Souto Rebelo, Julio Fernando Pinto Oliveira e Rejane de Souza Reis. A publicação toma por base as informações de 25 Registros de Câncer de Base Populacional (incidência), o Sistema de Informação sobre Mortalidade/Ministério da Saúde (mortalidade) e os 271 Registros Hospitalares de Câncer (morbidade hospitalar).

O trabalho é uma versão atualizada e ampliada do estudo publicado em 2008 pelo INCA/MS em parceria com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) com o primeiro perfil de incidência e mortalidade infantojuvenis produzido no Brasil. O estudo de 2008 representou um marco para Oncologia Pediátrica no país, porque possibilitou análises e a ampliação das informações sobre o tema. O novo estudo aprofundou os temas da publicação anterior e incluiu o grupo de adultos jovens (15 a 29 anos), que jamais havia sido examinado com detalhamento, e a análise do perfil da assistência no SUS.

Dia Mundial do Câncer

O Dia Mundial do Câncer é celebrado em 4 de fevereiro. Neste ano de 2017, a cerimônia acontece em 10 de fevereiro, na sede do INCA.

A data institucional é uma iniciativa da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), uma organização não governamental que une a comunidade internacional com o objetivo de reduzir a carga global do câncer, promover uma maior equidade e integrar o controle da doença na saúde mundial e na agenda de desenvolvimento.

Fundada em 1933 e com sede em Genebra, a UICC conta com a adesão de mais de 800 organizações em 155 países, entre elas as principais sociedades de câncer do mundo, ministérios da saúde, institutos de pesquisa, centros de tratamento e grupos de pacientes. A Direção-Geral do INCA integra seu corpo diretivo, que se reúne duas vezes ao ano para traçar planos e avaliar projetos em andamento.

A campanha do INCA para o Dia Mundial do Câncer 2017 tem como o mote a frase “Nós Podemos Eu Posso", sugerida pela UICC para ser trabalhada entre os anos de 2016 e 2018.

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