Campanha

Novembro Negro inicia 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres

O lugar político da mulher negra foi assunto de destaque.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h27

SALVADOR - Uma das programações do Novembro Negro, em Salvador, movimentou a noite desta terça-feira (22), durante a última edição de 2016 do projeto Mulher Com a Palavra, da Secretaria Estadual de Políticas Para as Mulheres. O evento marcou, também, o início das atividades da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Segundo a secretária de Política para as Mulheres da Bahia, Olívia Santana, o Estado terá 21 dias de campanha: cinco a mais que o restante do Brasil como forma de focar no combate à violência contra a mulher negra, incluindo o racismo. Santana destacou que, na Bahia, a taxa de feminicídio de mulheres brancas é de 2,4 para cada 100 mil mulheres, enquanto que, entre as negras, o índice sobe para 5,9/100mil.

“Todas as mulheres enfrentam o machismo, mas só as negras enfrentam o racismo, porque nós, mulheres negras, chegamos ao Brasil na condição de mercadoria, não com autonomia e capacidade de decidir a nossa própria história. Então, o movimento feminista é importantíssimo para a história das mulheres. As contribuições que as feministas brancas deram, ao longo dessa história, são fundamentais e incontestáveis”, destacou a secretária ao explicar o surgimento do movimento feminista entre as mulheres brancas europeias.

“Entretanto, é preciso compreender a necessidade de pensar outras dimensões do feminismo e em outras mulheres”, disse ela ao explicar a importância do feminismo negro, já que, afirmou, as mulheres negras têm demandas e necessidades diferentes das não negras”, explicou.

Mulher com a Palavra

A edição do projeto Mulher com a Palavra trouxe, além da secretária, a jornalista mediadora Rita Batista, as cantoras Preta Gil e Mc Carol e a poetisa, atriz e cantora Elisa Lucinda. Com o tema Feminismo Negro, Geração Tombamento e Outras Gerações, a roda de debates foi composta por maioria de mulheres negras, estudantes ou integrantes de movimentos sociais feministas e do movimento negro.

As convidadas Preta Gil e Mc Carol relataram histórias de racismo das quais foram vítimas e destacaram a importância de a mulher negra - mesmo que com auto-estima e sem se abalar com a situação - denunciar casos de injúria racial ou racismo.

O lugar político da mulher negra foi outro assunto de destaque durante o bate-papo. Todas as integrantes da mesa deram ênfase à importância de a mulher negra ter espaços historicamente ocupados por pessoas brancas, inclusive no universo intelectual e da literatura, como o caso da escritora Elisa Lucinda, também atriz.

“Para a mulher negra, ter o poder da palavra também é fundamental. Porque o Brasil faz uma exclusão permanente de conteúdo, faz as pessoas acreditarem que só queremos [pessoas negras] onde tem samba, que este tipo de debate não é para a gente”, destacou Elisa Lucinda.

Com bom humor, linguagem acessível e irreverência, Mc Carol, natural de Niterói-RJ, contou sua história de vida na periferia da cidade fluminense e sua trajetória até entrar no funk, com letras politizadas, feministas e com aparência que foge dos padrões estéticos impostos pela indústria artística e da moda.

“Sou preta, da favela e gorda. Além disso, 100% feminista”, declarou a artista, que é considerada uma integrante da Geração Tombamento, expressão que representa a juventude negra atual. O grupo vem se politizando sobre seus direitos, sobre a quebra de padrões e na cobrança pela representatividade nos espaços sempre ocupados, até então, por pessoas brancas, sobretudo homens.

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